Introdução: O aborto figura entre as cinco principais causas de morte materna no Brasil. Entre as adolescentes, a ocorrência de óbito por abortamento sofre influência de fatores como gravidez não planejada, estigmas, vulnerabilidade socioeconômica, educação sexual inadequada, dificuldade de acesso à saúde, leis restritivas e a consequente busca por métodos abortivos inseguros. No entanto, apesar da magnitude do óbito materno por abortamento na adolescência, ainda há poucos estudos e dados acerca da temática nessa faixa etária. Obstáculos como a retenção de dados do óbito pelos familiares, a dificuldade de classificação da causa de óbito e a subnotificação em casos de abortos ilegais podem contribuir para esse cenário. Objetivos: Verificar a prevalência da mortalidade por abortamento em um estudo transversal em mulheres de faixa etária de 15 a 19 anos. Associar e correlacionar dados secundários da plataforma DATASUS com as características sociodemográficas da população estudada. Métodos: Estudo transversal, retrospectivo, descritivo e quantitativo utilizando dados secundários obtidos da plataforma DATASUS, para o período de janeiro/2020 a dezembro/2020. As informações coletadas foram organizadas em um banco de dados e submetidos à análise descritiva, Teste ?² e Teste Exato de Fisher por meio do software JAMOVI. Resultados: Foram notificados 58 óbitos por abortamento em 2020, dos quais cinco eventos (8,6%) ocorreram na faixa etária de 15 a 19 anos. Quanto à distribuição geográfica do óbito por abortamento na adolescência, três óbitos (60,0%) foram registrados na região Norte e dois (40,0%) no Nordeste. Considerando as unidades federativas, dois (40,0%) óbitos foram notificados em Roraima, um (20,0%) no estado do Amazonas, um (20,0%) em Pernambuco e um (20,0%) no Maranhão. A associação entre óbitos por abortamento ocorridos na faixa etária de 15 a 19 anos a alguma região do Brasil é pouco provável (valor-p 0,080). Conclusão: Os dados coletados mostram maior número absoluto de óbitos por abortamento em adolescentes das regiões Norte e Nordeste do Brasil durante o período estudado, porém não é possível afirmar correlação entre a morte por abortamento entre a faixa etária de 15 a 19 anos a alguma região de ocorrência (valor-p 0,080). É importante frisar, no entanto, que a morte materna por abortamento na adolescência está associada à baixos índices socioeconômicos e de saúde, que são notáveis em algumas localidades nas regiões Norte e Nordeste, as quais abrigam alguns dos municípios cujos Índices de Desenvolvimento Humano figuram entre os menores do país. Também deve-se lembrar que a morte por abortamento muitas vezes pode ser de difícil classificação e, consequentemente, está sujeita à subnotificação. Outro fator que pode contribuir para uma possível subnotificação de óbitos por abortamento entre as adolescentes é a busca por práticas ilegais de aborto nessa faixa etária. Além disso, é importante ressaltar também que os fatores implicados, o impacto e a gravidade do desfecho apontam que a prevenção, as medidas educacionais e a melhoria do acesso da adolescente aos cuidados de saúde são importantes para a reversão dessa realidade.
Comissão avaliadora dos trabalhos:
Presidente: Dra. Maillene R Lisboa – (RO)
maillenelisboa@unir.br
Secretária: Dra. Ivanice Fernandes Barcellos Gemelli – (RO)
ivanice.gemelli@unir.br
MEMBROS:
Dra. Cynthia Mara Brito Lins Pereira (PA)
cmblins@gmail.com
Dr. Gilson José Corrêa (AM)
manaus.gilson@gmail.com
Dra. Heliamara Teles (AM)
heliamarateles@hotmail.com
Dr. Júlio Eduardo Gomes Pereira (AC)
julioeduardo.pereira@gmail.com
Dra. Marinês Rodrigues dos Santos Cézar (RO)
dramarines@hotmail.com