Introdução: Definida como uma resposta adversa imunológica à ingesta de determinados alimentos, a alergia alimentar possui apresentação clínica variável, desde sintomas exclusivamente gastrointestinais, até o envolvimento de outros sistemas, que são característicos de quadros de anafilaxia. Os alérgenos mais comuns são leite, ovo, trigo, soja, castanhas, peixes e frutos do mar, podendo ter diferentes prevalências em determinadas faixas etárias e em regiões específicas. A imunoterapia oral é uma proposta terapêutica que visa tornar o paciente tolerável ao alérgeno a partir da oferta de doses crescentes do alimento em pequenos intervalos de tempo, conforme protocolos específicos, com o objetivo de desenvolver tolerabilidade ao alérgeno em questão.
Objetivo: O presente estudo visa analisar as evidências mais atuais que abordam a imunoterapia oral específica no tratamento de alérgicos ao amendoim.
Metodologia: Foram usadas as bases de dados PubMed e Medline, por meio de buscas utilizando os descritores “allergy”, "oral immunotherapy” e “peanut” com uso do operador booleano “AND”. No total, foram encontrados 354 artigos publicados nos últimos cinco anos (161 no PubMed e 193 no Medline). Com base na leitura dos títulos, resumos e leitura completa dos artigos, foram excluídos 347, sendo usados 7 artigos para elaboração desta revisão.
Resultados: Os estudos analisados enfatizam que a imunoterapia oral para alergia ao amendoim apresenta resultados promissores, apesar dos protocolos e estudos iniciais mostrarem um risco maior de eventos anafiláticos no transcorrer do tratamento, sendo só mais recentemente apresentada regulamentações específicas. Vários ensaios clínicos indicaram alta eficácia na imunoterapia em indivíduos alérgicos ao amendoim utilizando imunoterapia oral, evidenciando uma redução significativa na intensidade e na frequência das reações alérgicas, bem como uma melhoria substancial na qualidade de vida dos pacientes. Ainda assim, a maioria dos pacientes alérgicos a amendoim com indicação de imunoterapia oral específica não buscam essa opção de tratamento, além de serem poucos os profissionais treinados e direcionados à prática dessa modalidade terapêutica.
Conclusão: Logo, as mais atuais evidências demonstram que o tratamento com imunoterapia oral favorece a dessensibilização de forma significativa em indivíduos com alergia a amendoim, protegendo, desta forma, as reações à ingesta não intencional desse alimento. Ainda assim, há o risco de eventos adversos, incluindo reações alérgicas graves e elevados níveis de ansiedade para os pacientes, demonstrando a necessidade de maior otimização dos protocolos e aperfeiçoamento dos profissionais que realizarão tal procedimento.
Anais para os trabalhos expostos na Jornada ALPE de Alergia
Comissão Científica
Dr Luiz Alexandre
Dra Cynthia Mafra
Dr Iramirton Moreira
Dra Rosa Maria
Dr Filipe Wanick
Dra Liane Santana
cientificoalpe@gmail.com
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