Introdução: A Sífilis Gestacional representa uma preocupação significativa em termos de saúde pública devido à sua crescente incidência global. As consequências da sífilis materna não tratada incluem aborto, natimortalidade, parto prematuro, e o nascimento de um recém-nascido com Sífilis Congênita ou, com maior frequência, um bebê aparentemente saudável que posteriormente desenvolve sinais clínicos da doença. Objetivos: Analisar a taxa de incidência de sífilis em gestantes no estado de Rondônia no período compreendido entre 2019 e 2023. Métodos: Este estudo é caracterizado como uma pesquisa retrospectiva descritiva, em que foram empregados os dados disponíveis no sistema de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), considerando variáveis-chave como ano, idade, cor e municípios mais impactados. Resultados: No período de 2019 a 2023, foram registrados 2675 casos de sífilis em gestantes. Os anos de 2022 e 2021 se destacaram com o maior número de ocorrências, correspondendo a cerca de 28% (750 casos) e 26% (697 casos) do total, respectivamente. Já o ano de 2023 teve a menor incidência, representando aproximadamente 13,5% (361 casos). Analisando por localidade, Porto Velho foi a cidade com mais casos, totalizando cerca de 37,2% (981 casos), seguida por Vilhena, com aproximadamente 8,8% (232 casos), e Ariquemes, com cerca de 8,7% (228 casos). Em relação à faixa etária, as mulheres entre 20 e 39 anos foram as mais afetadas, representando em torno de 71,3% (1880 casos) do total, seguidas pelas mulheres de 15 a 19 anos, correspondendo a aproximadamente 27,5% (725 casos). Quanto à raça, a população parda teve a maior incidência, com cerca de 71,3% (1882 casos) do total, enquanto a população branca representou aproximadamente 17,8% (470 casos) dos casos registrados. Conclusão: A análise dos dados revela uma realidade preocupante em relação à sífilis em gestantes. Destaca-se que os altos índices de casos registrados em 2021 e 2022 podem estar associados à pandemia de COVID-19, que impactou negativamente a realização de consultas pré-natais e exames de prevenção, uma vez que esse período exacerbou as desigualdades sociais e econômicas nas populações mais vulneráveis, que já apresentavam maior prevalência de doenças infecciosas. Possivelmente, ocorreu um aumento nos diagnósticos de sífilis na gestação durante a pandemia, correlacionado ao aumento no número de gestantes, embora a ausência de dados específicos impeça a confirmação inequívoca desse fenômeno. Diante desses resultados, é essencial implementar estratégias abrangentes de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz da sífilis gestacional em Rondônia, ressaltando a importância de testar e tratar os parceiros sexuais, reforçando o acompanhamento sorológico pós-tratamento. Com uma abordagem adequada, pode-se reduzir o impacto dessa doença e proteger a saúde materna e fetal, evitando que uma infecção bacteriana facilmente tratável continue a ter alta prevalência, morbidade e mortalidade.
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