Introdução: A morte fetal é conceituada como a morte intrauterina, na qual o óbito fetal ocorre antes de seu nascimento completo e da expulsão do útero materno. Importa-se dizer que este conceito não leva em consideração a duração da gravidez e não aborda casos em que seja uma interrupção induzida. Pode-se dizer que geralmente o óbito fetal ocorre por consequência de uma complicação grave, todavia, existem casos em que nenhuma intercorrência obstétrica está associada. Desse modo, os óbitos fetais sem causa específica são um problema de saúde pública, com consequências devastadoras e emocionalmente angustiantes. Esses óbitos representam uma parcela significativa da taxa de mortalidade, além de serem um forte indicador da qualidade dos cuidados durante a gravidez e parto. Diante disso, a relação entre a idade gestacional e a morte fetal tem implicações significativas na prática clínica, e na ampliação de estratégias de prevenção eficazes. Objetivos: Analisar a taxa de mortalidade fetal no Brasil sem causa específica no que se refere à variável idade gestacional. Métodos: Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo e descritivo, que avaliou a taxa de mortalidade fetal sem causa específica relacionada à idade gestacional no Brasil entre os anos de 2020 a 2022. Os dados foram coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN), considerando variável-chave idade gestacional. Resultados: Entre os anos de 2020 a 2022, foram registradas 19.128 mortes fetais no Brasil por causa não especificada. De acordo com esses dados, 5.662 (29,60%) desses óbitos ocorreram no período entre 22 e 27 semanas de gestação, 7.107 (37,15%) mortes ocorreram no período entre 28 e 36 semanas, 4.254 mortes (22,23%) no período entre 37 e 41 semanas e 83 (0,43%) mortes ocorreram com 42 semanas ou mais. Em 2.022 casos (10,57%) a idade gestacional não foi relatada. Desse modo, a maior taxa de mortalidade foi encontrada em gestantes com idade gestacional até 36 semanas. Pode-se perceber que a taxa de mortalidade encontrada foi relativamente alta e acredita-se que uma parcela significativa dessas mortes, se deu por intercorrências obstétricas, como anomalias fetais, condições patológicas da placenta, infecções durante o ciclo gravídico, além de complicações da gravidez que culminam num parto prematuro. Conclusão: Os dados apontam para os desafios relacionados à assistência pré-natal, sendo necessários, além do rastreio de patologias na gestação com possíveis intervenções de forma precoce, a capacitação continuada da equipe de cuidados pré-natais, visando identificação dos sinais de risco apresentados pela gestante, diagnóstico e tratamento oportuno de condições que levam a mortes fetais de causas evitáveis, o que contribuiria não apenas para redução das taxas de óbitos fetais, quanto das taxas de óbitos neonatais em decorrência da prematuridade.
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