Introdução: A taxa de fecundidade em adolescentes nas últimas duas décadas decresceu consideravelmente no país. Apesar disso, em 2022, cerca de 43 em cada 1000 meninas de 15 a 19 anos tiveram um filho, segundo os dados do DATASUS. No mesmo ano, em Rondônia, nasceram 3.538 crianças de mães com idade entre 10 e 19 anos. Dessa forma, percebe-se que a gravidez precoce é um problema de saúde pública, que pode acarretar repercussões importantes na vida das adolescentes, sua prole, sua família e impactos para a sociedade em geral. Objetivo: Analisar os fatores associados à gravidez na adolescência em adolescentes moradoras na Vila Princesa, uma comunidade situada à margem do lixão municipal de Porto Velho, capital de Rondônia. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo de natureza epidemiológica observacional, transversal, analítica, com abordagem quantitativa, que foi realizada a partir de um questionário impresso contendo perguntas relacionadas às adolescentes, seus parceiros e seus familiares. Após a aprovação no Comitê de ética e pesquisa - CEP, parecer nº6.031.009, o estudo foi realizado com uma amostra de 31 meninas com idade entre 10 e 19 anos. Resultados: Ao analisar os dados obtidos, observou-se que, a média das idades das adolescentes entrevistadas foi 14,5 anos, 10 meninas (32,25%) já haviam tido pelo menos uma experiência sexual, a idade média da coitarca variou entre 13 e 15 anos (média de 14,1 anos) e quatro (25%) engravidaram: três com idades entre 14 e 16 anos e uma aos 18 anos. Uma comparação entre a idade da coitarca e a idade da primeira gestação revelou que, para 75% daquelas que engravidaram, a gravidez ocorreu um ano após a coitarca. Constatou-se ainda baixa adesão ao uso de métodos contraceptivos, com apenas metade das adolescentes sexualmente ativas informando utilizar algum método, inclusive entre aquelas que já tiveram uma gravidez, embora 100% tenham afirmado não desejar ter outra gravidez nos próximos cinco a dez anos. Apenas 40% informaram uso de preservativo na primeira relação sexual, o mesmo percentual informado em relação ao último intercurso sexual. A evasão escolar se demonstrou alta, somente uma das quatro adolescentes que engravidaram (25%) não interrompeu os estudos durante a gravidez e, embora as demais tenham informado retorno à escola após o término da gestação, constata-se importante defasagem idade/série escolar. Por fim, 16% das entrevistadas afirmaram ter sido expostas a atos de natureza sexual sem seu consentimento, mas nenhuma das gravidezes foi decorrente do abuso. Conclusão: Pode-se inferir que as adolescentes da Vila Princesa que engravidaram estavam no início de sua vida sexual, e, em sua maioria, não fizeram uso de camisinha ou algum método contraceptivo. Durante a gestação, apenas uma continuou a frequentar a escola e três retomaram os estudos após o fim da gravidez. Como perspectiva para o futuro, as adolescentes que engravidaram não planejam ter outro filho pelos próximos cinco a dez anos ou não desejam ter outro filho, mas o uso de contraceptivos é baixo, evidenciando uma demanda não atendida de contracepção entre esse público.