A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma complexa e heterogênea desordem endócrina que atinge cerca de 5% a 10% das mulheres em idade fértil, caracterizada principalmente pela presença de anovulação e hiperandrogenismo. Frequentemente, essa condição hormonal está associada a outros fatores, como obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial e resistência à insulina, o que a configura como Síndrome Metabólica e implica um conjunto de fatores de risco significativos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, o objetivo do estudo é analisar a correlação entre as características da síndrome metabólica em mulheres com síndrome do ovário policístico (SOP) e os fatores de risco cardiovascular. Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, na qual foram analisados artigos científicos publicados entre os anos 2007 e 2022, em qualquer linguagem. Os artigos foram retirados de plataformas online de busca, incluindo Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), a partir de estratégias de busca avançada auxiliada pelo operador booleano “AND” associando aos descritores retirados da lista de Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/MeSH): “Síndrome Metabólica” AND “Implicações cardiovasculares” AND ”Síndrome dos ovários policísticos” OR “Metabolic syndrome” AND “Cardiovascular implications” AND “Polycystic ovary syndrome”. Nessa perspectiva, a síndrome metabólica em pacientes com síndrome dos ovários policísticos tem sido reconhecida como fator significativo para o aparecimento de doenças cardiovasculares, aumentando substancialmente a taxa de mortalidade por coronariopatias (COSTA et al., 2007). É evidente que nessas pacientes, o aumento de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e a interleucina 6 (IL-6), compromete a ação da insulina na captação celular da glicose e induz uma reação anti-inflamatória o que resulta em uma disfunção endotelial e subsequente formação de placa de ateroma. As alterações endoteliais são observáveis em pacientes com síndrome metabólica associada à SOP, evidenciando uma maior espessura da camada média intima e maior rigidez das artérias carótidas, achados diretamente relacionados ao surgimento da aterosclerose e doenças cardiovasculares (MARTINS et al.,2009). Além disso, a resistência insulínica ocasiona uma falha na resposta vasodilatadora, que regula o aumento da pressão arterial por meio da ativação do sistema nervoso simpático, cenário que contribui para o possível desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e eventos cardiovasculares (COSTA et al.,2017). A existência de síndrome metabólica em pacientes com SOP está associada a uma notável predisposição ao desenvolvimento de aterosclerose e a um considerável aumento do risco de doenças cardiovasculares (CAETANO et al., 2021). Assim, é notório a multiplicidade de fatores de risco ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Contudo, quando uma condição metabólica se sobrepõe a esses fatores, os riscos tendem a ampliar. Assim, é plausível inferir que pacientes com a síndrome metabólica decorrente da SOP apresentam riscos maiores de eventos cardiovasculares, tais como obstrução coronariana e infarto do miocárdio em comparação àquelas sem essa síndrome.
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