Introdução: A Sociedade Brasileira de Diabetes define o diabetes como uma doença crônica em que o corpo não produz insulina (tipo 1) ou não utiliza adequadamente a insulina que produz (tipo 2), sendo este último mais comum em adultos. De acordo com o VIGITEL (2010), cerca de 7% das mulheres em Maceió relataram diagnóstico médico de diabetes. Já em 2020, o VIGITEL apontou um aumento para 11,4%, evidenciando o aumento ao longo dos anos. Sabe-se que a alimentação desempenha um papel crucial tanto no desenvolvimento quanto no controle de comorbidade dessa magnitude. Atualmente, é reconhecido o impacto da indústria alimentícia na mudança dos hábitos alimentares da população, que tem consumido mais alimentos ultraprocessados (AUP) e menos alimentos in natura ou minimamente processados (INMP). Objetivo: Avaliar se existe associação entre o consumo alimentar e o diagnóstico de diabetes mellitus em mulheres residentes em Maceió. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com microdados do VIGITEL 2023. Foram incluídas mulheres adultas (18-59 anos) residentes em Maceió. Foram excluídas mulheres gestantes. Para avaliar o consumo alimentar foram utilizados os marcadores do consumo regular, que se referem ao consumo de 5 vezes ou mais na última semana de hortaliças; frutas; frutas, legumes e verduras; feijão; e refrigerante; e os marcadores do consumo alimentar no dia anterior à entrevista, composto por alimentos INMP e AUP. Estes marcadores geram dois indicadores: (a)consumo de 5 ou mais de INMP; e (b)consumo de 5 ou mais de AUP. Para avaliar a associação entre a diabetes e o consumo alimentar foram realizadas regressões de Poisson multivariável, no qual incluiu idade e índice de massa corporal (IMC) como variáveis de ajuste. Todas as análises foram realizadas no STATA versão 15.1, considerando a amostragem complexa e foram ponderadas pelo método rake. Adotou-se um valor de alfa de 5%. Resultados e discussão: Foram incluídas 303 mulheres. A maior parte destas tinham idade entre 18 e 29 anos (31,33%; IC95%: 24,42; 39,19), tinham entre 9 e 11 anos de escolaridade (47,48%; IC95%: 39,72; 55,36) e autodeclararam-se brancas (25,65%; IC95%: 19,52; 32,92). A prevalência de diabetes mellitus na amostra foi de 7,17% (IC95%: 3,69; 13,48). Foi possível observar associações negativas entre o diabetes mellitus e consumo regular de hortaliças (RP: 0,26; IC95%: 0,09; 0,74; p = 0,01 ), e de frutas, legumes e verduras (RP: 0,31; IC95%: 0,11; 0,85; p = 0,02). Também observou-se associações positivas entre o diabetes mellitus e o consumo regular de refrigerantes (RP: 4,18; IC95%: 1,04; 16,84; p = 0,04) e com o consumo de 5 ou mais AUP (RP: 4,56; IC95%: 2,19; 9,51; p < 0,01). Conclusão: Diante dos achados, conclui-se que as mulheres com diabetes mellitus de Maceió apresentam menor consumo regular de hortaliças, frutas, legumes e verduras, e maior consumo regular de refrigerantes e AUP quando comparadas com as mulheres que não tinham diabetes mellitus.
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