Este relato tem como propósito dividir com outros educadores e interessados um pouco do que vivenciamos nos primeiros meses como bolsistas do PIBID, na Escola Estadual Everardo Gonçalves Botelho, em São Francisco-MG. Entre fevereiro e março de 2025, passamos por um processo intenso de ambientação e atuação junto à escola, com ações voltadas especialmente para a valorização da cultura local, da identidade dos estudantes e das discussões sobre gênero dentro do ambiente escolar.
Logo no início, ainda em fevereiro, participamos de uma reunião de formação com nosso coordenador, e a partir dali mergulhamos na leitura e análise do Projeto Político-Pedagógico e do Regimento Escolar da instituição. Também conhecemos os dados educacionais da escola e exploramos seus espaços físicos. A acolhida que recebemos da equipe gestora e dos professores foi calorosa e nos motivou desde o primeiro momento. Com o apoio do nosso supervisor, começamos a traçar estratégias que fizessem sentido para aquela realidade específica.
Nossa primeira ação prática aconteceu em março: desenvolvemos o projeto “Mulher: Cultura em Movimento”, em alusão ao Dia Internacional da Mulher. A atividade começou com a exibição do filme Zootopia para turmas do ensino fundamental. Queríamos provocar uma conversa, de forma leve e acessível, sobre o protagonismo feminino e os desafios enfrentados por mulheres na sociedade. Depois da sessão, promovemos uma roda de conversa entre estudantes, professoras e bolsistas. O diálogo foi muito rico — surgiram relatos pessoais, reflexões sobre estereótipos de gênero e bastante participação dos alunos.
Na continuidade do projeto, propusemos que os estudantes pesquisassem personagens femininas marcantes do cinema. A ideia era que eles refletissem sobre representatividade e percebessem como essas figuras influenciam e refletem a sociedade. O resultado foi muito positivo: vimos os alunos exercitarem o pensamento crítico e se engajarem no debate com maturidade e criatividade.
Além das ações pedagógicas, realizamos também um grupo focal com os alunos do ensino fundamental, para ouvir deles mesmos o que pensam sobre o ensino, quais dificuldades enfrentam e o que esperam da escola. Esses momentos de escuta foram fundamentais para compreendermos mais a fundo os desafios enfrentados no dia a dia — desde questões de aprendizagem até aspectos emocionais, como a autoestima e o vínculo com os conteúdos escolares. A partir dessas falas, começamos a pensar em ações mais afinadas com a realidade que eles vivem.
Essas primeiras vivências no PIBID têm sido essenciais para a nossa formação como futuros professores. Temos aprendido, na prática, a importância de escutar os estudantes com atenção e de construir, junto com eles, práticas pedagógicas mais críticas, acolhedoras e transformadoras.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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