Apresentamos um recorte de uma pesquisa de mestrado, em andamento, que aborda as demandas cognitivas de tarefas de equação polinomial do 2º grau analisadas em Manuais do Professor do 8º e 9º anos. Optamos pelos Manuais por estes serem importantes recursos que auxiliam os professores nas práticas de ensino e na adoção de inovações pedagógicas. Ao planejar aulas, organizar os conteúdos de ensino, selecionar e implementar tarefas, o professor cria condições para que os estudantes construam aprendizagens. Nos processos de ensino e de aprendizagem há uma interação entre professores e estudantes que pode ser observada pela resposta produzida pelos estudantes ao realizar tarefas que demandam variados raciocínios matemáticos. As tarefas determinam o raciocínio que os estudantes desenvolvem, ou mobilizam, ao resolvê-las. Nesse contexto, o estudo visou analisar as demandas cognitivas das tarefas de equação polinomial do 2º grau abordadas nos Manuais do Professor do 8º e 9º anos, aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático, edição de 2024. Os níveis de demandas cognitivas das tarefas estão associados aos diferentes raciocínios matemáticos que são exigidos dos estudantes na sua resolução; também, ao nível e tipo de aprendizagem desenvolvido. Esses níveis — memorização, procedimentos sem conexões, procedimentos com conexões e fazer matemática — envolvem baixa e alta cognição. A pesquisa possui uma abordagem qualitativa, com foco na análise documental, realizada com mapeamento e fichamento das tarefas contidas em quatro coleções de materiais curriculares de Matemática do Ensino Fundamental. Analisamos a abordagem dada às equações polinomiais do 2º grau, a apresentação do conteúdo, as orientações de ensino e o papel perspectivado a estudantes e professores, implícitas ou explícitas nos enunciados das tarefas e nas orientações. As tarefas incorporam habilidades com objetivos a serem alcançados, por isso é necessário equilibrar todos os níveis possibilitando ao estudante a compreensão de conceitos e ideias matemáticas. Entendemos que conhecer os diferentes níveis de demandas cognitivas das tarefas poderá ajudar o professor a oportunizar aos estudantes tarefas variadas que mobilizem o conhecimento e elevem o raciocínio matemático. Nas coleções analisadas, classificamos 235 tarefas, sendo 14 de memorização, 176 de procedimentos sem conexões, 30 de procedimentos com conexões e 15 de fazer matemática. Em A Conquista Matemática classificamos 88 tarefas, em Araribá Conecta 53 tarefas, em Teláris Essencial 70 tarefas e em Matemática nos Dias de Hoje 24 tarefas. Ao associarmos as habilidades prescritas para o 8º e 9º ano com o quantitativo de tarefas classificadas, entendemos que tarefas do tipo procedimentos com conexões e fazer matemática, por serem de alto nível cognitivo, levariam o estudante a desenvolver melhor o seu raciocínio com níveis mais profundos de compreensão. Esses níveis de tarefas requerem pensamento complexo ou algum grau de esforço cognitivo. Fazem conexões entre múltiplas representações que ajudam a desenvolver o significado e acessam conhecimentos relevantes.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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