A presença de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nas turmas de 4 e 5 anos da Educação Infantil exige dos professores uma formação sólida, sensível e crítica que vá além de procedimentos técnicos. A teoria histórico-cultural oferece um referencial potente para compreender o desenvolvimento humano como resultado das interações sociais e culturais, destacando o papel da mediação pedagógica. Assim, a pesquisa se propõe a responder: de que forma a perspectiva histórico-cultural tem fundamentado os processos formativos voltados aos professores da Educação Infantil que atuam com crianças com TEA? O objetivo geral será analisar como a teoria histórico-cultural tem influenciado a formação continuada de professores da Educação Infantil que trabalham com crianças com TEA. A pesquisa buscará investigar os fundamentos teóricos presentes em documentos oficiais e literatura acadêmica sobre a formação desses profissionais, identificar a presença (ou ausência) da perspectiva histórico-cultural nesses materiais e refletir sobre suas contribuições e limitações para a prática docente inclusiva. A pesquisa se baseia na teoria histórico-cultural, com destaque para os autores Vygotsky (1998), Leontiev (1983), e Luria (1981), que compreendem o desenvolvimento humano como um processo mediado culturalmente. No campo da Educação Infantil, essa perspectiva enfatiza a importância da mediação do professor na construção do conhecimento e no desenvolvimento da autonomia da criança. Em relação ao TEA, essa abordagem valoriza a potencialidade de aprendizagem a partir das interações sociais e da mediação intencional, em contraponto à visão médica ou comportamentalista. Também serão utilizados autores brasileiros que aplicam a teoria histórico-cultural à educação inclusiva, como Mantoan (2003) e Mendonça (2017). A pesquisa terá abordagem qualitativa, com caráter documental e bibliográfico. O corpus incluirá: a) Documentos oficiais; b) Produções acadêmicas, sobre formação docente na perspectiva histórico-cultural e atendimento a crianças com TEA. A análise dos dados será orientada pela técnica de análise temática, conforme proposta por Braun e Clarke (2006). Esta investigação dialoga diretamente com a necessidade de consolidar práticas pedagógicas inclusivas fundamentadas em uma compreensão ampla do desenvolvimento humano. Além disso, busca promover uma educação mais humanizada, equitativa e culturalmente situada, reforçando o papel da escola como espaço de desenvolvimento pleno para todas as crianças.
Referências
BRAUN, Virginia.; CLARKE, Victoria. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, v. 3, n. 2, p. 77–101, 2006.
LEONTIEV, Alexei Nikolaevich. Atividade, consciência e personalidade. Editora Perspectiva. 1983.
LURIA, Alexander Romanovich. O desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Editora Moscovo. 1981.
Mantoan, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? 3. ed. Vozes. 2003.
MENDONÇA, Fernando Wolff. A organização da atividade de ensino pelo professor alfabetizador: a contribuição da teoria histórico-cultural. 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2017
Vygotsky, Lev Semionovitch. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Martins Fontes. 1998.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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