Este relato tem por objetivo expor experiências compartilhadas em sala de aula no cumprimento da disciplina de Epistemologia e Pesquisa em Educação do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Montes Claros no primeiro semestre de 2025. Nas ocasiões, refletimos sobre a importância do professor ser um contínuo pesquisador crítico do objeto de ensino e aprendizagem e quais metodologias se apresentam mais interessantes. Problematizações a respeito da condição da atuação consciente do professor como transformador do seu entorno social, político, econômico e comunitário já vem de longas décadas. Entretanto, a formação docente deve ser permanente e em constante diálogos com a realidade atual (Minayo, 1994). O problema que fomentou as discussões em sala de aula esteve relacionado à formação dos professores enquanto pesquisadores de seus objetos de ensino como forma de melhorar sua atuação consciente na sala de aula. O domínio das técnicas de pesquisa e de metodologias mais adequadas podem levar o professor pesquisador a uma reflexão crítica mais profunda sobre sua atuação na sociedade. Nesse sentido, o objetivo deste relato é trazer à tona discussões profícuas geradas em sala de aula que ajudam na construção de melhores perspectivas da atuação docente. Como metodologia dialética, as teses constituídas são repensadas e re-elaboradas a partir das antíteses apresentadas pelos colegas da turma, produzindo novas sínteses (Minayo, 1994). Essa troca permanente está sendo relatada e apresentada como experiência concreta de superação de contradições. Antropólogos afirmam que tribos primitivas já buscavam explicações sobre os fenômenos observados, como raio, trovão, chuva, entre outros. O que posteriormente deu origem às religiões, crenças e mitologias, pois a morte é algo que nos inquieta desde sempre. A filosofia procurou racionalizar e sofisticar os questionamentos e explicação sobre quem somos. A ciência, que surge só na era moderna, procura métodos e técnicas, com uma linguagem fundamentada em conceitos, para compreender o mundo (Minayo, 1994). Esse conhecimento sistematizado passa a ser compartilhado no processo educativo nas universidades e institutos de pesquisa. E com a popularização da educação básica, esse conhecimento será trabalhado na relação ensino e aprendizagem. Como se trata de uma educação fomentada na modernidade, no mesmo contexto das revoluções industriais e da ascensão do capitalismo, que visa preparar os operários para as fábricas e para o consumo de suas mercadorias, o que se ensina para as massas é o básico. Dessa forma, a ciência que surge a partir desse contexto é intrinsecamente ideológica (Minayo, 1994). Assim, seguir nessa mesma perspectiva de trabalho docente é permanecer em consonância com esse modo de produção industrial e legitimar as desigualdades sociais que se mostraram inerentes à lógica do capitalismo. Portanto, como professor questionador das desigualdades sociais e de todas as formas de injustiças geradas por essa sociabilidade exploratória, procura pesquisar diferentes problemas que se apresenta em seu cotidiano a fim de compreender melhor esses fenômenos. E teorias consolidadas permitem direcionar o pesquisador por caminhos mais seguros, sem cair em especulações rasas ou abstrações fantasiosas. Da mesma forma que a dialética se constitui como metodologia que trabalha a relação do particular com o todo, a relação do natural com o social, pensamento e base material, ou seja, o todo em sua complexidade (Minayo, 1994). Nesse sentido, a realização de pesquisas surgidas a partir de problemas reais da atuação do professor, permite a superação de uma educação mecanicista, automática e reprodutora das desigualdades.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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