Sob a ótica da Filosofia, a Educação Matemática constitui um terreno fértil para refletir sobre os modos como a Matemática é ensinada e compreendida. De acordo com Bicudo e Garnica (2002, p. 77), a "Filosofia da Educação Matemática caracteriza-se por um pensar reflexivo, sistemático e crítico sobre a prática pedagógica da matemática e sobre o contexto sociocultural onde ocorrem situações de ensino e de aprendizagem de Matemática". Essa definição nos leva a reconsiderar o ensino da matemática, superando o modelo meramente instrutivo, tradicionalmente baseado em ideias inflexíveis e dogmáticas. A Filosofia da Matemática estimula o educador a refletir criticamente sobre o conteúdo que transmite e sobre o modo como os alunos o assimilam, tratando o conhecimento como objeto de investigação. Isso permite analisar a validade e a relevância do saber matemático (Zorzan, 2007). Este trabalho traz uma breve revisão bibliográfica realizada nas aulas da disciplina Fundamentos e Metodologia da Matemática I, cursada no 4º período do Curso de Pedagogia, no campus de Brasília de Minas. Além disso, foi conduzida uma entrevista com uma professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública local. A docente entrevistada interpreta as tendências da Educação Matemática como expressões filosóficas do ensino, fundamentadas nas dimensões culturais e identitárias dos aprendizes.
Destaca-se, ainda, a valorização da diversidade de saberes e práticas no ensino da Matemática, com o objetivo de identificar estratégias metodológicas que atendam às necessidades específicas dos estudantes. Os dados coletados mostram que a Filosofia da Educação Matemática vai além da análise da natureza dos objetos matemáticos, estendendo-se à compreensão do conhecimento como um todo. Ela propõe alternativas pedagógicas que favoreçam uma prática mais ativa, crítica e alinhada às demandas contemporâneas.
Essa área do saber também levanta uma importante questão: a matemática é descoberta ou criada? Os realistas defendem que os objetos matemáticos existem independentemente do ser humano, enquanto os nominalistas os consideram construções humanas sem existência objetiva (Garnica, 1999). A busca por bases epistemológicas para a matemática deu origem a correntes como o logicismo, o formalismo e o intuicionismo, cada uma oferecendo uma interpretação distinta sobre a natureza e a justificação da matemática. Dessa forma, compreende-se que a Filosofia da Educação Matemática possui um papel relevante na prática educativa, pois permite explorar distintas correntes filosóficas com vistas a aprimorar os métodos de ensino, respeitando a maneira como os alunos compreendem e se relacionam com os conceitos matemáticos. Em síntese, essa abordagem não pretende fornecer respostas absolutas, mas fomentar uma reflexão crítica sobre o significado da matemática e sua influência em nosso cotidiano. Ela nos desafia a questionar, investigar e aprofundar nosso entendimento acerca dessa disciplina fundamental.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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