O presente relato de experiência foi desenvolvido a partir de indagações propostas pela disciplina de Políticas Públicas Educacionais do Programa de Pós Graduação em Educação da Unimontes. A reforma educacional brasileira tem sido profundamente influenciada por organismos internacionais como o Banco Mundial, cujas diretrizes refletem uma visão tecnocrática e economicista da educação. Este estudo surge da necessidade de analisar criticamente como essas políticas globais têm moldado as reformas nacionais, frequentemente em descompasso com as reais necessidades da educação pública brasileira. Partindo do questionamento sobre como as orientações do Banco Mundial impactaram nosso sistema educacional e quais seus efeitos sociais, a pesquisa buscou desvendar os mecanismos pelos quais essas agendas promovem a mercantilização do ensino, privilegiando critérios de eficiência gerencial em detrimento da qualidade social da educação.
A investigação, de natureza qualitativa, combinou análise documental de relatórios do Banco Mundial e legislações educacionais brasileiras com uma revisão bibliográfica crítica. Fundamentou-se teoricamente nas obras de Mello (2014) e Laval (2004), que demonstram como o Banco Mundial atua como agente intelectual na difusão de um projeto neoliberal para a educação. Esses autores revelam como a instituição promove a privatização como solução mágica para os sistemas educacionais, desconsiderando fatores estruturais que limitam o acesso à educação pública de qualidade, como o subfinanciamento crônico e as profundas desigualdades sociais.
Os resultados evidenciam consequências preocupantes dessas políticas: a progressiva desvalorização do trabalho docente, a precarização das condições de ensino e o estímulo à pesquisa comercial em detrimento da produção acadêmica autônoma. Na prática, essas reformas resultaram em turmas superlotadas, redução de investimentos e um preocupante desequilíbrio nas atividades pedagógicas. Diante desse cenário, o estudo ressalta a urgência de construir resistências pedagógicas que valorizem a autonomia docente e respondam às especificidades locais, contrapondo-se aos modelos homogeneizantes importados de organismos internacionais.
Esta reflexão se mostra particularmente relevante no contexto atual, quando se torna imperativo denunciar os riscos da mercantilização da educação e propor alternativas que fortaleçam a escola pública. As conclusões reforçam que as agendas internacionais não são neutras e exigem mediações críticas para evitar que a educação seja subordinada a interesses econômicos. Reafirma-se, portanto, a necessidade de políticas educacionais verdadeiramente emancipatórias, capazes de enfrentar as desigualdades estruturais e garantir o direito a uma educação pública de qualidade para todos, como alicerce fundamental para uma sociedade mais justa e democrática.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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