Resumo – Relato de Experiência
O presente relato aborda a realização do minicurso Feminismo Negro, tanto no âmbito do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência, em 2023, realizado no subprojeto de História em uma escola estadual de Montes Claros-MG, quanto a sua reprodução ampliada no âmbito do Programa Biotemas, em 2025, em outra instituição pública. Descreve-se de forma geral a nossa experiência, enquanto professoras em formação, negras, trabalhando a temática racial na cotidianidade da sala de aula por meio da regência no Estágio Curricular.
Contextualização e justificativa da prática desenvolvida
Os livros didáticos de História do Brasil ainda se mostram defasados no que tange à abordagem mais ampla da historicidade das lutas dos movimentos sociais no país. Dentre eles, destaca-se o Feminismo Negro, que costuma ser apagado pelos discursos universalistas do feminismo hegemônico. Somado a isso, o espaço de debate das temáticas sobre gênero e raça na escola continuam restritas ao Novembro Negro, quando mencionadas, o fazem de forma rasa, sem apontar a verdadeira contribuição dos saberes afro-brasileiros, da musicalidade, poesia, amefricanidade e aquilombamento para uma educação libertadora e que potencialize mulheres e homens negros para a transformação da realidade.
Problema norteador e objetivos
Assim, o minicurso objetivou responder às questões: como se desenvolveram as lutas pela emancipação da mulher negra na sociedade brasileira ontem e hoje? Qual sua contribuição, e com quais estratégias poderemos vencer as situações de desigualdade social, sobretudo o sexismo e o racismo?
Procedimentos
Para alcançar esses objetivos, o minicurso durou 1:30h e foi divido em três partes (ambas as escolas): primeiro uma abordagem mais teórica – com a apresentação de filósofas, historiadoras e psicólogas afro-brasileiras como Beatriz Nascimento, Lélia Gonzáles, Neusa Souza e Sueli Carneiro- demonstrando como elas analisaram a construção do Brasil por mãos negras. Após, trouxemos a musicalidade contemporânea da dupla de rap Tasha e Tracie e a cantora MC Luanna. Finalmente, abrimos um diálogo com os alunos pensando a atualidade da interseccionalidade a partir de suas vivências.
Fundamentação teórica que sustentou a prática desenvolvida
Nos pautamos nos estudos das autoras mencionadas, enfocando os conceitos de Kilombo e Orí (Nascimento, 2021), enquanto ideia de consciência racial e resistência cultural por meio da valorização do aceitar-se mulher negra (Souza, 1983) e amefricana (Gonzáles, 2020) como parte constituinte de um feminismo afrolatinoamericano que não epistemicide (Carneiro, 2011) as lutas, potencialidades e sonhos presentes e passados das muitas gerações de mulheres negras.
Resultados
Como requerido pela Lei de Diretrizes e Bases, Base Nacional Comum Curricular e a Lei 10.639, aliando teoria, diálogo e musicalidade, partindo da realidade dos alunos, conseguimos mostrar como a realidade é pensada, como se dá, e como, diante de um sistema desigual, marcado pela colonização, há espaços em que eles podem agir driblando assim o lugar da subalternidade.
Relevância social para o público destinado, a educação e relações com o eixo temático do COPED
Ao promover uma reflexão crítica sobre a especificidade de ser mulher/negra no Brasil, do surgimento dos movimentos sociais voltados ao combate das desigualdades, corrobora-se a conscientização racial, o antirracismo-sexismo. O debate é relevante ao COPED devido a necessidade de ampliação das pautas que cabem à Lei mencionada.
Considerações finais
Reiteramos a necessidade de operar esses conceitos e metodologia em sala, desde o estágio, visando um fazer docente aquilombado e viabilizando o cumprimento da lei 10.639.
Comissão Organizadora
XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
Comissão Científica