A experiência da Filosofia no Ensino Médio nos traz o desafio de superar uma formação fechada numa cultura repleta de desinformação, vinculada à elaboração de discursos sugestionados, compostos por inferências que subjetivam, induzem, sugerem e influenciam à uma conclusão que pretendem chegar, e de multirreferencialidade, isto é, a existência de vários polos de referência que influenciam nas discussões de formação da opinião pública, afastando a percepção dialógica das relações. Neste contexto a Pós-Verdade deve ser entendia como um fenômeno que altera a nossa percepção da realidade e a forma de como a verdade é elaborada. Quais os requisitos necessários para se considerar o que é verdade ou não é? Em Regras Para o Parque Humano, Peter Sloterdijk aponta que a educação humanista, cuja “teste latente é: boas leituras conduzem à domesticação” (Sloterdijk, 2000, p.18), falhou em sua tentativa de formação do homem, em seu “empenho para retirar o ser humano da barbárie” (Sloterdijk , 2000, p.17). Principalmente porque com o estabelecimento midiático da cultura de massas, radiodifusão, televisão e atualmente a internet, “a coexistência humana nas sociedades atuais foi retomada a partir de novas bases” (Sloterdijk, 2000, p.14). A cultura da leitura na sociedade da educação tornou-se escassa; nossos alunos, em qualquer nível, não estão mais dispostos a enfrentar uma leitura exigente, principalmente de conteúdo filosófico, o que torna o processo de educação/humanização enfraquecido, afinal, “a vida atual não nos convida a pensar” (Slotedijk, 2019). Nessa perspectiva, nossa pesquisa propõe investigar e analisar a repercussão do fenômeno Pós-verdade no contexto da prática educativa no ensino de filosofia na Educação Básica, destacando o trabalho de desenvolvimento de uma consciência ética/moral e emancipada/crítica de todos envolvidos no processo, para lidar com as diversas condições que devieram do fenômeno Pós-verdade e assim contribuir, como sugere Sloterdijk, para assumir o jogo e formular as regras para este parque humano.
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