O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um processo seletivo que avalia o desempenho dos estudantes que finalizaram a educação básica. O processo conta, ainda, com uma redação do tipo dissertativo-argumentativo, cujo as que obtêm nota máxima serão tema deste trabalho. Entre as diretrizes solicitadas na redação do Enem, cita-se um conjunto de cinco competências específicas, sendo elas: 1) domínio da Língua Portuguesa, 2) repertório sociocultural e conhecimento sobre o tipo textual, 3) estruturação e seleção dos argumentos, 4) coesão e coerência textual e 5) proposta de intervenção. Partindo da inclusão do conhecimento prévio do próprio redator (vide a segunda competência) e das indagações se o produtor desse gênero pode ser chamado de “autor”, este trabalho indaga: quais são as marcas linguístico-discursivas presentes em uma redação do Enem nota mil que alçam o redator ao status de autor?. A hipótese é de que esse redator, ao atender as cinco competências, especialmente a nº 02, insere as próprias particularidades ao texto e, por isso, assume uma posição de autoria. Assim, determinou-se que o objetivo geral deste trabalho é analisar os indícios de autoria em redações nota mil do Enem a partir das categorias descritas por Possenti (2009): dar voz aos outros, manter distância e evitar a mesmice; como objetivo específico, se verificará como a presença dessas categorias reafirmam o status de autor do redator nota mil. A justificativa deve-se a necessidade de se comprovar o funcionamento do reconhecimento máximo de uma redação do Enem e, consequentemente, da ascensão da autoria deste redator, de sua importância social, e da influência exercida por essa posição. A parte metodológica fomentou-se a partir da pesquisa bibliográfica qualitativa e interpretativista, analisando o corpus de duas redações nota mil do Enem (extraídas de sites da internet); já o arcabouço teórico fica à cargo das análises de Sírio Possenti (2009) sobre os indícios autorais em textos de vestibulandos, do que é um “autor” a partir das ideias de Michel Foucault (2009), das observações acerca do gênero “redação escolar” por Rodolfo Ilari (2001) e das manifestações do gênero do discurso por Mikhail Bakhtin (2011). Em conclusões parciais, nota-se que os redatores analisados apresentam, além das exímias notas dentro das cinco competências, traços de singularidade na escrita; esse comportamento indica que essas marcas linguístico-discursivas alçam o redator nota mil ao status de autor dentro desse gênero do discurso padronizado.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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