A morte, enquanto processo biológico inevitável e tema recorrente da condição humana, apresenta-se como fenômeno complexo que interliga dimensões fisiológicas, sociais e simbólicas. No contexto escolar, especialmente no Ensino Médio, sua abordagem enfrenta resistências: de um lado, há quem a considere excessivamente mórbida; de outro, argumenta-se que os jovens já compreendem sua crueza. Por isso, propomos um caminho intermediário, utilizando a literatura como instrumento privilegiado para explorar o tema de forma reflexiva e transformadora. Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar como textos literários podem mediar discussões sobre a morte e, como objetivos específicos, investigar o impacto dessas reflexões na formação crítica e emocional dos alunos. O trabalho se justifica pela necessidade de dialogar com os jovens sobre questões existenciais e sociais relacionadas à finitude humana. A fundamentação teórica apoia-se em Ariès (2012), que analisa as transformações culturais nas atitudes perante a morte ao longo da história; Chevalier e Gheerbrant (2001), com sua análise do imaginário simbólico associado à morte; Combinato e Queiroz (2006), que examinam as particularidades da morte na sociedade contemporânea; e Candido (2006), cuja obra destaca a função humanizadora e transformadora da literatura. Metodologicamente, adotamos, em primeiro momento, uma abordagem qualitativa que inclui a seleção de obras diversificadas (clássicos como Crônica da casa assassinada, contemporâneos como Os sete maridos de Evelyn Hugo e não-ficcionais como Ainda estou aqui) e a análise de como esse material pode ser aproveitado em sala de aula. Os resultados parciais indicam que uma abordagem que aborde a temática da morte, especialmente com o auxílio da literatura, pode ampliar a capacidade dos alunos de expressar sentimentos sobre perdas e desenvolver uma compreensão crítica sobre as representações sociais da morte. Concluímos que a literatura, ao transformar a morte em objeto estético e reflexivo, oferece um espaço que pode ser mais seguro aos jovens para o confrontamento deste tema complexo, preparando-os não apenas academicamente, mas como cidadãos conscientes.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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