O livro didático sofreu várias transformações ao longo dos anos. Na década de 1980, ele era associado a uma prática de ensino tradicional, e a utilização deste material didático era ligado a desqualificação do professor. Segundo Batista (2005) a principal consequência dessa dissociação consistiria numa diminuição das exigências de formação e preparo docente.
As cartilhas eram criticadas por apresentarem os “pseudotextos” para alfabetizar as crianças, fazendo utilização de textos artificiais e atividades mecanizadas sem estimular o pensamento crítico do aluno. Tendo em vista melhorar o ensino o MEC criou em 1995, o programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Este estudo tem como objetivo apresentar uma breve revisão de literatura, que busca relacionar o livro didático a uma prática pedagógica dinâmica e reflexiva, assim trabalhando não apenas a alfabetização, mas o letramento também. No geral, os livros trazem textos representativos de gêneros tão variados como bilhetes, instrução de jogos, trava-línguas etc. O estudo está fundamentado na obra de Moraes e Albuquerque (2005) demonstrou que, embora os novos materiais de alfabetização apresentam progressos no campo do letramento como a variedade de textos e atividades de leitura mais relevantes, eles ainda apresentam falhas no que se refere ao ensino sistemático do sistema de escrita alfabética (SEA). As atividades propostas quase nunca aprofundam nas habilidades de consciência fonológica ou não consideram as diferentes etapas do aprendizado da escrita dos alunos. Os autores apresentam um relato da professora Cláudia, que atua na Rede Municipal do Recife, dando ênfase ao seu trabalho relacionado ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) no ano de 2004: ao adaptar e enriquecer as atividades do livro de português uma proposta para letramento, ela uniu a leitura, a criação de textos e estudo do SEA, valorizando os saberes prévios dos alunos e promovendo uma alfabetização mais eficaz. As mudanças nos livros didáticos voltados para a alfabetização mostram um esforço para se adaptar às novas ideias sobre como ensinar e aprender a língua escrita. A ênfase agora está em práticas de letramento e na utilização de textos que têm significado social. Embora haja melhorias, como a inclusão de diferentes gêneros textuais e propostas de leitura mais contextualizadas, ainda existem lacunas importantes no ensino sistemático do Sistema de Escrita Alfabética (SEA), especialmente no que diz respeito à consciência fonológica e à adequação às diversas fases de desenvolvimento dos alunos. Nesse contexto, o papel do professor se destaca como um mediador crítico, que pode transformar o uso do livro didático. Um exemplo disso é a professora Cláudia, que promove uma alfabetização mais completa ao integrar leitura, escrita e reflexão sobre a linguagem de maneira significativa.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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