A crescente incorporação da Inteligência Artificial (IA) aos contextos educacionais representa uma reconfiguração significativa das práticas pedagógicas, sobretudo no campo da Geografia escolar. Este trabalho propõe uma reflexão crítica acerca das potencialidades e dos perigos que a utilização da IA pode trazer ao processo de ensino-aprendizagem em Geografia, considerando tanto seus aportes quanto suas limitações. Fundamentada nos pressupostos teóricos de Morin (2000), que aborda a complexidade como princípio formativo, e Frigotto (2011), crítico da racionalidade tecnocrática na educação, a pesquisa adota uma abordagem qualitativa, de caráter bibliográfico e exploratório, ancorada na análise de produções acadêmicas e documentos recentes sobre tecnologias digitais aplicadas à educação. Entre os potenciais identificados, destaca-se a capacidade da IA de promover o ensino personalizado, por meio de algoritmos capazes de adaptar os conteúdos ao ritmo, aos interesses e ao perfil cognitivo de cada estudante. Ferramentas como assistentes virtuais, plataformas adaptativas de aprendizagem e simuladores geoespaciais alimentados por IA têm sido utilizadas para mediar o estudo de temas como cartografia digital, mudanças climáticas e geopolítica, ampliando o acesso a recursos interativos e dinâmicos. Além disso, a IA pode facilitar a análise de grandes bases de dados geográficos (Big Data), permitindo aos estudantes uma compreensão mais aprofundada de processos espaciais em escala local e global. No entanto, o uso indiscriminado dessas tecnologias também acarreta riscos consideráveis. A excessiva dependência de sistemas automatizados pode reduzir a autonomia e a intencionalidade pedagógica do docente, promovendo a padronização dos conteúdos e a descontextualização dos saberes. A pesquisa, portanto, defende que o uso da IA no ensino de Geografia deve estar vinculado a um projeto educativo emancipador, que valorize o pensamento crítico, a leitura multiescalar do espaço e a formação de sujeitos conscientes de suas inserções socioterritoriais.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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