A agroecologia, enquanto campo de conhecimento e prática, tem se afirmado como uma importante ferramenta para o fortalecimento de experiências educativas vinculadas à terra, à produção de alimentos e à construção de modos de vida sustentáveis. Sua abordagem valoriza os saberes populares e tradicionais, a autonomia dos agricultores e a construção coletiva de conhecimentos, criando espaços férteis para a formação crítica, o intercâmbio de saberes e a conexão com o território (Altieri, 2012; Caporal; Azevedo, 2011; Gomes; Assis, 2013). Neste contexto, partimos da seguinte questão: de que forma as experiências agroecológicas podem se constituir como espaços de formação e educação para práticas sustentáveis? A partir disso, propomos como objetivo compreender como ocorre a transmissão e a troca de saberes na experiência de Carol e Daniel, um casal de agricultores agroecológicos que desenvolve um trabalho articulado entre produção, formação e vivências. Nos ancorando em uma abordagem qualitativa, inspirada na ergologia (Schwartz; Durrive, 2021) e na agroecologia (Altieri, 2012; Gliessman, 2005), utilizamos entrevistas semiestruturadas (Beaud; Weber, 2007; Minayo, 2014; Minayo; Deslandes; Gomes, 2016), realizadas no local de trabalho do casal (que também é o local de sua residência), a fim de captar sentidos, saberes, valores e modos de fazer que circulam nas práticas cotidianas. Os resultados, ainda iniciais, evidenciam que o sistema agroflorestal cultivado pelo casal extrapola a produção de alimentos, configurando-se também como um espaço de aprendizagem coletiva. No local, são realizados cursos, oficinas, vivências e atividades formativas, com ênfase na agrofloresta e voltados a agricultores, estudantes e visitantes, fortalecendo uma educação atenta aos saberes construídos na prática conforme defende Freire (2018). Essa experiência articula agroecologia, sistema agroflorestal e educação ambiental, fortalecendo a agricultura familiar e contribuindo para a preservação e a regeneração ambiental. Para o casal, o trabalho na terra é também um processo coletivo e, por isso, político, capaz de criar vínculos, parcerias e novas possibilidades de vida. A pesquisa inscreve-se no campo da Educação e dialoga com o eixo temático sobre Saberes e Práticas Educativas, evidenciando a relevância social de iniciativas que promovem a formação crítica, a autonomia e a sustentabilidade agrícola e ambiental.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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