Esta pesquisa examina os discursos coloniais presentes nos âmbitos social e escolar, evidenciando como estes se originam e se retroalimentam, ideologicamente, a partir de diversos eixos linguísticos. O estudo se justifica pela necessidade de questionar discursos naturalizados que propagam mensagens que reforçam narrativas excludentes e opressoras, buscando práticas educativas que incentivem letramentos críticos e a formação de processos alternativos à hegemonia. Os objetivos são: compreender o impacto das narrativas dominantes no contexto educacional e como intervenções didáticas críticas fomentam multiletramentos e novas formas de subjetividade. Assim, vinculado ao campo da Educação, mais especificamente ao eixo temático Alfabetização, Letramento e outras Linguagens, este estudo investiga, à luz da Análise do Discurso materialista pecheuxtiana (AD) (Orlandi, 2005), como os discursos produzem múltiplas violências simbólicas e práticas de subalternidade, que persistem sendo operadas sem uma conscientização adequada. Além disso, a AD segue alinhada às perspectivas decoloniais (Quijano, 2005; Mignolo, 2017; Fanon, 2008) e interseccionais (Gonzalez, 2020; Akotirene, 2019) e, nesse sentido, observa-se que esses discursos revelam a colonialidade do poder, do saber e do ser (Quijano, 2005). O método principal combina revisão bibliográfica e Análise do Discurso, considerando, para análise, dois corpora, escolhidos por sua relevância às temáticas de linguagem, poder e ideologia. Compõem o primeiro corpus de análise enunciados como “O chicote vai comer”, “Trabalhe enquanto eles dormem e seja feliz" e “Lugar de mulher é na cozinha”, o que nos possibilita visualizar os mecanismos de construção de sentidos que validam relações de poder e perpetuam os processos de construções de significados que legitimam estruturas de poder, mantêm estereótipos ligados a gênero e classe e atuam como ferramentas de controle social no discurso da educação e nos meios de comunicação. Foi selecionada, como segundo corpus, a obra Cinderela e o baile dela, de Tokitaka (2023), para demonstrar como este discurso pode ser uma ferramenta de resistência e contraponto aos discursos coloniais, estabelecendo outras formas de subjetividade, identidade e letramento crítico. Os resultados parciais desta pesquisa, com o apoio da Unimontes - BIC/UNI, afirmam que a articulação entre os enunciados hegemônicos e a obra de Tokitaka (2023) permite a descolonização narrativa, que se opõe aos elementos discursivos dominantes que perpetuam e mantêm o status quo.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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