O artigo apresenta uma experiência de estágio desenvolvida na Educação de Jovens e Adultos (EJA), especificamente com turmas do 3º e 4º ano da Escola Municipal Doutor Antônio Ribeiro. O foco da prática foi o incentivo à leitura e ao letramento por meio de estratégias lúdicas e afetivas, com destaque para o uso do bingo de palavras como ferramenta pedagógica.
O público atendido era composto majoritariamente por adultos e idosos com histórico de interrupção escolar e desafios sociais diversos. A proposta pedagógica buscou respeitar as vivências e ritmos individuais desses estudantes, valorizando seus conhecimentos prévios e promovendo um ambiente de aprendizagem acolhedor. A escolha pelo bingo de palavras teve como objetivo unir ludicidade e aprendizado, despertando o interesse dos alunos pela leitura e pela escrita de forma leve e interativa.
As atividades envolveram leitura diária de textos curtos, parlendas, poemas e palavras do cotidiano, além de acompanhamento individualizado. O planejamento das ações partiu da observação das dificuldades e potencialidades dos alunos, buscando sempre promover a autonomia, a autoestima e o prazer em aprender.
A fundamentação teórica foi embasada, principalmente, na pedagogia freireana, que valoriza a leitura do mundo como ponto de partida para a leitura da palavra. Também foram utilizadas as contribuições de Miguel Arroyo sobre a valorização do saber dos sujeitos do EJA, de Kishimoto sobre o brincar como ferramenta de ensino e de Magda Soares, que diferencia alfabetização de letramento.
Os resultados observados foram bastante positivos. Houve um aumento significativo no engajamento dos alunos, que passaram a demonstrar mais interesse, segurança e participação nas atividades. Muitos, inclusive, evoluíram na leitura de nomes, palavras e frases simples. Além disso, os vínculos afetivos estabelecidos entre estagiárias e alunos contribuíram para um ambiente de confiança e respeito mútuo, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem.
A prática reforçou a importância de estratégias pedagógicas acessíveis e humanizadas na EJA, mostrando que mesmo ações simples, quando planejadas com intencionalidade, podem gerar transformações significativas. O estágio proporcionou às autoras um aprendizado profundo sobre o papel social do professor, destacando a docência como uma prática comprometida com a escuta, o afeto e a transformação da realidade dos educando
Em consonância com o eixo temático “Saberes e Práticas Educativas” do COPED, a experiência evidencia como a sala de aula é um espaço legítimo de produção de conhecimento e transformação social, principalmente quando se reconhece e valoriza o aluno como sujeito ativo no seu processo de aprendizagem.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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