A prática pedagógica apresentada foi desenvolvida na Escola Municipal Vicente de Paula Pimenta, localizada em uma região periférica de Bocaiúva-MG, historicamente negligenciada pelo poder público. O cenário escolar era marcado por vulnerabilidades sociais profundas, expressas em carência de recursos, rupturas familiares, defasagens de aprendizagem e comportamentos agressivos, que demandavam respostas pedagógicas urgentes. Atuando como bolsista do PIBID, a estudante de Pedagogia integrou as ações dos 1º e 5º anos do Ensino Fundamental, em um trabalho que ultrapassava a dimensão curricular e exigia escuta, vínculo e intervenção intencional.
A prática foi guiada pela questão: como intervir pedagogicamente em realidades escolares de alta complexidade, promovendo aprendizagens significativas e fortalecendo o pertencimento escolar? O objetivo central foi relatar a intervenção realizada e refletir sobre sua contribuição formativa para uma atuação docente crítica, empática e situada, especialmente em territórios onde as desigualdades se materializam de forma cotidiana.
As estratégias metodológicas envolveram observação participante, registros reflexivos, planejamento colaborativo com professoras regentes e ações diretas com os alunos. Entre as intervenções, destacaram-se contação de histórias, jogos matemáticos, rodas de conversa, dinâmicas de grupo e atividades realizadas fora da sala de aula, que ressignificaram o espaço escolar como território de experiências positivas, afetivas e integradoras.
A fundamentação teórica ancorou-se em Vygotsky, quanto à mediação e ao papel das interações sociais na aprendizagem; Wallon, para compreender a dimensão afetiva do desenvolvimento infantil; Skinner, no uso do reforço positivo como estratégia de construção de autonomia; e Paulo Freire, com sua abordagem dialógica, crítica e comprometida com a transformação social a partir do contexto vivido.
Os resultados indicaram mudanças observáveis tanto no comportamento quanto na aprendizagem. No 1º ano, 14 de 18 alunos avançaram na compreensão da relação número-quantidade, apresentando maior tempo de escuta e redução de conflitos. No 5º ano, houve melhora significativa em operações matemáticas básicas, raciocínio lógico e no engajamento com as atividades escolares. Em ambos os casos, notou-se fortalecimento do sentimento de pertencimento, resgate da autoestima e construção de laços com a escola.
Alinhado ao eixo “Saberes e Práticas Educativas”, o relato reafirma o papel do PIBID como política pública estratégica de formação docente, contribuindo para que futuras professoras atuem com sensibilidade, consciência social e compromisso com a equidade. A experiência demonstra que, mesmo em cenários adversos, é possível construir práticas pedagógicas emancipatórias, que reconhecem os sujeitos em sua inteireza e potencial.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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