Nos dias 9 e 10 de [maio/2025], foi realizada uma visita à Aldeia Kanã Mihay, situada no município de Carmésia, em Minas Gerais, durante uma festividade tradicional da comunidade. Essa experiência proporcionou uma imersão cultural marcada por vivências diretas com os saberes, práticas e modos de vida do povo Kanã Mihay. A iniciativa surgiu da necessidade de integrar, à formação dicente, um contato efetivo com epistemologias historicamente marginalizadas, reconhecendo os povos indígenas como sujeitos ativos e produtores de conhecimentos legítimos. A atividade teve como foco a valorização das práticas educativas ancestrais, contribuindo para a construção de uma educação intercultural, crítica e inclusiva. A pergunta que norteou a prática foi: como os saberes indígenas podem dialogar com a formação de professores e as práticas pedagógicas nas escolas? O objetivo geral foi vivenciar, de forma respeitosa e sensível, os modos de ensinar e aprender do povo Kanã Mihay, compreendendo como seus saberes se articulam com processos educativos formais e não formais. Entre os objetivos específicos, destacam-se: promover o intercâmbio entre conhecimentos acadêmicos e tradicionais, observar práticas pedagógicas ancestrais e refletir sobre o papel da escola na valorização da diversidade cultural. A abordagem metodológica adotada foi qualitativa, com base na observação participante e nos princípios da etnografia educacional. Durante a estadia, ocorreram rodas de conversa com lideranças, anciãos e jovens indígenas, além da participação em rituais religiosos, cerimônias de batismo, cantos sagrados, danças coletivas e vivências cotidianas como a culinária tradicional. A escuta ativa e o respeito às formas de expressão cultural foram essenciais para o aprofundamento do entendimento sobre a oralidade como ferramenta de transmissão de saberes intergeracionais. A fundamentação teórica baseou-se em autores como Silva (2011) e Barbosa (2015), que abordam a interculturalidade crítica e a educação decolonial como caminhos para romper com perspectivas eurocentradas no ensino. A antropologia visual também foi mobilizada como instrumento de leitura simbólica das práticas e rituais, entendidos como elementos pedagógicos próprios das culturas indígenas. Os resultados da prática revelaram aprendizados significativos tanto no âmbito pessoal quanto acadêmico. Foi possível observar a centralidade da coletividade, da espiritualidade e da relação com a natureza na pedagogia indígena. A vivência ampliou a compreensão sobre outras formas de ensinar e aprender, provocando reflexões sobre as limitações da escola tradicional e a potência dos saberes ancestrais. A experiência rompeu com visões estereotipadas e reforçou a importância da valorização da diversidade epistêmica. Do ponto de vista social e educacional, a prática teve grande relevância, contribuindo para a formação de educadores mais conscientes, críticos e comprometidos com a justiça social. A atividade dialoga com os princípios do COPED, ao fomentar práticas pedagógicas interculturais, dialógicas e emancipatórias. A experiência reafirma a importância de políticas educacionais que reconheçam e incorporem os saberes tradicionais no ambiente escolar. Concluímos que a visita à Aldeia Kanã Mihay foi uma vivência transformadora, que despertou novas percepções sobre a educação e sobre o papel da escola na construção de uma sociedade mais justa, diversa e plural. Reconhecer os saberes indígenas como fundamentais para o processo educativo é um passo necessário para a superação de silenciamentos históricos e para o fortalecimento de uma educação verdadeiramente democrática.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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