A literatura contemporânea tem se consolidado como um espaço de resistência e expressão para sujeitos historicamente marginalizados, sobretudo as mulheres. Nesse contexto, a escrita autobiográfica destaca-se como uma poderosa ferramenta de afirmação identitária e contestação das normas sociais. Muitas autoras encontram na literatura um meio de registrar suas vivências, denunciar opressões e valorizar suas culturas. Este projeto pedagógico, atualmente em execução com estudantes do ensino médio ao longo do Estágio Supervisionado Obrigatório de Regência, do curso de Letras - Inglês, visa promover a leitura e a discussão de autobiografias de mulheres da região, em diálogo com obras de autoras de língua inglesa, a fim de explorar a escrita feminina como instrumento de empoderamento e preservação da memória coletiva. O projeto fundamenta-se na análise de narrativas autobiográficas de escritoras mineiras e autoras internacionais, como Maya Angelou, Malala Yousafzai e Sara Suleri Goodyear, cujas obras evidenciam os desafios enfrentados por mulheres em diferentes realidades sociais e culturais, ressignificando o lugar da mulher na literatura. A reflexão teórica apoia-se nos estudos de Zirpoli (2007) e Volcean (2021), que abordam a revalorização do gênero autobiográfico como espaço de resistência, anteriormente relegado a um papel menor no cânone literário. Além disso, são consideradas as contribuições de Zinani (2004), sobre a marginalização da produção literária feminina, e de Patrocínio (2013), sobre a literatura marginal como forma de reivindicação social. As ações do projeto incluem rodas de leitura, debates temáticos e produções textuais inspiradas nas experiências das autoras estudadas, incentivando os estudantes a refletirem criticamente sobre gênero, memória e identidade cultural. Busca-se, assim, estimular o reconhecimento e a valorização da literatura produzida por mulheres de sua própria comunidade, bem como promover conexões significativas com vozes femininas de outras partes do mundo. Por fim, o projeto apresentará uma discussão acerca da escrita como ato político e de enfrentamento, retomando as reflexões de Conceição Evaristo (2010) sobre a importância da visibilidade da mulher na literatura. Ao integrar essas discussões ao contexto escolar, a proposta almeja fomentar o interesse dos jovens pela leitura literária, reforçando o papel da literatura como prática de resistência, construção identitária e valorização da cultura local e global.
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XV Congresso Nacional de Pesquisa em Educação: "ED
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