Na contemporaneidade, a popularização das tecnologias da informação transformou o modo pelo qual nos relacionamos com o mundo a nossa volta, oportunizando o surgimento de gêneros textuais/discursivos que, para se adaptarem a essa nova realidade informacional, adotaram multimodos semióticos para a construção de representações de mundo. Nessa esteira, o presente trabalho, fruto do projeto de iniciação científica, em andamento, intitulado “Vá e Veja”: representações semióticas da Segunda Guerra Mundial em cenas fílmicas (PRP 7/2024), desenvolvido na Universidade Estadual de Montes Claros, com o fomento da FAPEMIG, objetiva analisar frames retirados do filme soviético “Vá e Veja” (1985), dirigido por Elem Klimov, observando como recursos multimodais são articulados para (in)validar percepções e identidades da Segunda Guerra Mundial, no propósito (a)crítico de (des)naturalizar as violências e desumanizações dela. Justifica-se, assim, pela necessidade de estarmos aptos a realizar uma leitura responsiva dos textos a que somos expostos, uma vez que eles são reflexos de multiproposições semântico-pragmáticas, reproduzindo ideologias, crenças, valores e modos de ser e estar no mundo. Metodologicamente, numa pesquisa qualitativo-interpretativista, propomo-nos a realizar, à luz da Gramática do Design-Visual (Kress; van Leeuwen, 2021), a leitura crítica do gênero em foco, utilizando-nos da metafunção representacional (com estruturas narrativas, que encenam processos de (re)ação, e conceituais, que estabelecem identidades e conceitos para os participantes encenados), para a análise do modo pelo qual o produtor sígnico (re)constrói, sociossemioticamente, as experiências e identidades daqueles que cometeram e/ou sofreram violências no contexto da Segunda Guerra Mundial. Adicionalmente, fundamentamo-nos na Análise de Discurso Crítica (Fairclough, 2001), lançando mão dos significados representacionais, para observar como percepções acerca de vivências de guerra são (des)construídas, de acordo com as posições ideológicas do signmaker, pelos atores sociais representados no filme em foco. Como resultados, a análise evidenciou que aluno e professor devem estar aptos a lidarem com multimodos semióticas, reconhecendo, por meio de uma leitura responsiva, as ideologias e intencionalidades críticas ou manipulativas que se materializam nos textos a que somos expostos.
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