Introdução: O carprofeno é um medicamento anti-inflamatório não esteroidal (AINE) frequentemente usado na medicina veterinária, principalmente no tratamento de condições inflamatórias crônicas, como a osteoartrite, e como coadjuvante no tratamento de tumores, como o carcinoma mamário. Sua ação seletiva na inibição da cicloxigenase-2 (COX-2) resulta em efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, minimizando os efeitos colaterais gastrintestinais comuns dos AINEs não seletivos. No entanto, o uso contínuo deste medicamento tem sido ligado a possíveis efeitos nocivos para o fígado e rim, sugerindo a necessidade de análises detalhadas sobre sua segurança em tratamentos de longa duração. Objetivos: Esta revisão tem como objetivo investigar os principais efeitos hepáticos e renais ligados ao uso contínuo de carprofeno em cães, analisando os efeitos relatados na literatura em termos clínicos, laboratoriais e ultrassonográficos. Além disso, o objetivo é debater os processos fisiopatológicos envolvidos e as consequências práticas para a veterinária, com o objetivo de guiar a administração segura e eficiente do medicamento. Metodologia: Esta revisão engloba pesquisas clínicas e experimentais que examinaram os impactos do carprofeno em cães que foram tratados de forma prolongada. Incluíram-se estudos que empregaram ultrassonografia renal, dopplerfluxometria e ultrassonografia contrastada (CEUS) para medir a perfusão renal, além de pesquisas que examinaram indicadores hematológicos (hematócrito, hemoglobina, volume corpuscular médio, hemoglobina corpuscular média e concentração de hemoglobina corpuscular média) e bioquímicos (alanina aminotransferase - ALT, ureia e creatinina). A escolha deu preferência a estudos com grupos controle que receberam doses de 4,4 mg/kg/dia por um período de até 90 dias. Resultados: As pesquisas analisadas sugerem que o carprofeno possui um perfil de segurança alto, com efeitos mínimos na função renal e hepática. Nos testes ultrassonográficos, os rins dos cães submetidos ao tratamento mantiveram seu tamanho, estrutura e ecogenicidade dentro dos limites normais. No entanto, nos cães tratados, a área da artéria renal aumentou significativamente, sugerindo mudanças sutis na perfusão renal, atribuídas à modulação hemodinâmica pelo medicamento. A dopplerfluxometria detectou mudanças nos índices de resistência vascular, sem impactos funcionais evidentes nos níveis de ureia e creatinina no sangue. Nos cães tratados, os níveis de ALT se mantiveram consistentemente mais altos, sugerindo uma sobrecarga ou um dano hepático leve. No entanto, essas mudanças não afetaram a funcionalidade total do fígado ou o bem-estar dos pacientes. Outros parâmetros bioquímicos, como fosfatase alcalina e bilirrubina, mantiveram-se dentro da normalidade nos estudos avaliados. Os exames hematológicos apontaram variações nos parâmetros eritrocitários. O volume corpuscular médio (VCM), a hemoglobina corpuscular média (HCM) e a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) apresentaram valores superiores nos cães tratados, sugerindo alterações adaptativas ao uso prolongado do carprofeno. Notavelmente, houve redução significativa na proporção de células inflamatórias, indicando um efeito anti-inflamatório sistêmico benéfico. Além disso, os estudos mostraram que o carprofeno não aumentou as taxas de insuficiência renal crônica ou mortalidade em cães tratados, mesmo após três meses de uso contínuo. A redução dos sinais clínicos de dor e inflamação contribuiu para uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, reforçando os benefícios terapêuticos do fármaco. Considerações Finais: Com base nos dados revisados, conclui-se que o uso prolongado de carprofeno em cães é seguro quando associado ao monitoramento regular de parâmetros hepáticos e renais. Embora níveis elevados de ALT sejam observados em alguns casos, os efeitos hepáticos são leves e reversíveis. Da mesma forma, alterações na perfusão renal são discretas e não comprometem a funcionalidade do órgão. Assim, o carprofeno pode ser considerado uma opção segura para o manejo de condições inflamatórias crônicas e neoplasias em cães, desde que o uso seja individualizado e monitorado. Estudos futuros devem explorar os efeitos de longo prazo em populações específicas e em diferentes condições clínicas, contribuindo para a formulação de protocolos mais seguros e eficazes.
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