Introdução: A Leishmaniose Visceral Canina (LVC), causada pelo protozoário Leishmania infantum, é uma zoonose de alta relevância epidemiológica no Brasil, sendo responsável por mais de 90% dos casos de leishmaniose visceral registrados nas Américas. No país, o Nordeste concentra mais da metade dos casos humanos notificados, evidenciando o impacto da doença na saúde pública. Os cães desempenham um papel fundamental como principais reservatórios urbanos, perpetuando o ciclo de transmissão mediado pelo vetor Lutzomyia longipalpis. Objetivo: Este estudo teve como objetivo revisar os principais obstáculos e progressos no controle da LVC no Brasil, abordando aspectos epidemiológicos, avanços nos métodos diagnósticos e estratégias de controle implementadas nos últimos anos. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica narrativa, com coleta de dados em fontes científicas e documentos oficiais, incluindo artigos publicados entre 2018 e 2023. Os critérios de seleção priorizaram estudos que discutissem avanços e desafios relacionados à epidemiologia, diagnóstico e controle da LVC. Resultados e Discussões: O Brasil lidera os registros de leishmaniose visceral nas Américas, com um cenário epidemiológico marcado pela expansão da doença para áreas urbanas. Entre os progressos no controle, destacam-se o uso de coleiras impregnadas com deltametrina, que têm reduzido a densidade de flebotomíneos, e o aprimoramento de métodos diagnósticos como DPP® e ELISA, que oferecem maior precisão na identificação de cães infectados. No entanto, persistem desafios significativos, incluindo o alto custo das coleiras, baixa adesão às estratégias de controle pela população e resistência cultural à eutanásia de cães infectados. Além disso, dificuldades estruturais, como a falta de saneamento básico, resistência a medidas de controle e condições precárias de habitação no semiárido nordestino e outros locais endêmicos, contribuem para a manutenção da transmissão da LVC. Conclusão: Apesar dos avanços observados, é fundamental investir em educação em saúde, ampliar o acesso a tratamentos eficazes e melhorar a infraestrutura urbana nas áreas mais vulneráveis. Abordagens integradas e multidisciplinares são essenciais para enfrentar os desafios socioeconômicos e ambientais que favorecem a disseminação da LVC, promovendo uma redução sustentável da incidência da doença.
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