As Ligas Acadêmicas, frequentemente tratadas como atividades complementares, revelam-se dispositivos formativos capazes de deslocar a aprendizagem do abrigo da sala de aula para o mundo vivido do cuidado. Esta revisão narrativa, ancorada na fenomenologia existencial, mapeou práticas extensionistas, descreveu experiências de estudantes, preceptores e comunidade e interpretou os sentidos formativos emergentes. A busca contemplou produções nacionais em saúde e áreas afins (2010–2025), priorizando relatos de experiência, ensaios e revisões. A síntese temática evidenciou três eixos: i) repertório de ações em território (educação em saúde, visitas domiciliares, pesquisa-ação, integração ensino-serviço-comunidade); ii) experiência vivida como aprendizagem situada, interprofissional e relacional, com ênfase em comunicação, deliberação sob incerteza e coordenação do cuidado; iii) sentidos formativos interpretados como ser-com, responsabilidade, corporeidade do aprender e temporalidade do projeto. Emergiram ainda fissuras recorrentes: descontinuidade institucional, dependência de poucos docentes e avaliação centrada em carga horária. Conclui-se que, quando mediadas intencionalmente e ancoradas por pactos universidade-serviços, as Ligas consolidam protagonismo discente, ampliam a leitura de território e fortalecem uma identidade profissional orientada ao usuário, deslocando a formação de um acúmulo técnico para um modo de habitar o cuidado com os outros.
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