Descrever aspectos significativos de uma vivência sobre respeito à corporeidade na formação da deferência pela autonomia do indivíduo como parte de uma abordagem centrada na pessoa e da ética médica durante o curso de graduação em Medicina.
Método:
Trata-se de um relato de experiência, realizado mediante um estudo transversal, exploratório e descritivo. Relata a participação em um debate sobre a "corporeidade e o sagrado" realizado durante o módulo de Desenvolvimento Pessoal e Profissional, voltado a alunos do primeiro semestre do curso de graduação em Medicina de uma Universidade em Fortaleza, no Ceará, e o impacto das reflexões proporcionadas no desenvolvimento da competência do profissionalismo nesse processo.
A atividade foi realizada por meio das etapas de problematização, fundamentação teórica e aplicação do tema.
Na etapa de problematização, discutiu-se acontecimentos recentes envolvendo discentes da atlética de um curso de Medicina e a realização de atos obscenos em jogos universitários. Na etapa de fundamentação teórica discutiu-se o conceito de corporeidade e do sagrado do corpo e sua relação com a consulta centrada na pessoa. Na última etapa, os alunos puderam vivenciar o exercício do respeito ao corpo humano e a aplicação do método clínico centrado na pessoa no acompanhamento de consultas realizadas em Unidades de Atenção Primária à Saúde.
Resultados:
A atividade realizada proporcionou reflexões sobre a reverência à corporeidade e o exercício da medicina, além da importância do resguardo à percepção corpórea da pessoa que busca atendimento. O momento de prática em um serviço da saúde, por sua vez, evidenciou também a necessidade de compreensão sobre as particularidades do corpo humano durante a consulta centrada na pessoa, tendo em vista a unicidade da experiência de cada indivíduo com a doença.
Ao ressaltar a subjetividade da relação médico-paciente, destaca-se, aqui, a importância de seu embasamento nos princípios éticos, estabelecidos no Código de Ética Médica (Conselho Federal de Medicina, 2019) e sua conexão com a corporeidade, no sentido de que sua efetivação enseja a necessária compreensão do corpo humano não somente como um objeto de estudo, mas também como detentor de sensibilidade e sentimentos (Scorsolini-Comin; Amorim, 2008).
Evidentemente, a vivência das alunas em acompanhar consultas realizadas por médicos - os quais tiveram o respeito à corporeidade abordado em suas graduações -, demonstrou que, em um serviço da saúde sem discriminação, é necessário entender as particularidades do corpo. Ademais, foi observado que, em um atendimento em benefício do paciente, é essencial compreender como aquele indivíduo experiencia a doença.
Todavia, sem a abordagem acadêmica desses temas, é criado um paradoxo em que os profissionais da saúde - apesar de terem o maior contato e a responsabilidade de promover amparo ao corpo humano - podem não zelar pelo respeito corporal, seja próprio, seja alheio, como exemplificado e discutido, nas aulas supracitadas, pelos recentes acontecimentos universitários.
Conclusão:
Portanto, é possível concluir a importância da discussão referente à corporeidade no desenvolvimento da ética médica, já que o devido respeito pelo corpo do próximo é essencial para o exercício da Medicina, esta que envolve, além do biológicos, fatores psicossociais.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura