Objetivos: A elevada prevalência de depressão pós-parto entre mães adolescentes representa importante razão para a compreensão dos fatores de risco relacionados a este transtorno. O objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a relação entre transtornos mentais, mais especificamente a depressão, e gravidez na adolescência, bem como os fatores de risco relacionados. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica para a qual foram realizadas buscas por artigos científicos na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), publicados em português e em inglês, entre 2018 e 2023. A combinação dos descritores “Gravidez na Adolescência”, “Fatores de Risco", Depressão resultou, inicialmente, em 19 artigos, sendo excluídos 10 estudos por não responderem à pergunta condutora. Assim, foram incluídos 9 artigos nesta revisão. Resultados: Os estudos analisados concordam que a adolescência é um período de profundo desenvolvimento físico, cognitivo e social que marca um momento crítico de crescimento no curso da vida. A maternidade na adolescência é um problema de ampla repercussão afetando aspectos fisiológicos, psicológicos e socioeconômicos. A depressão pós-parto (DPP) costuma ocorrer até seis semanas após o parto, representando um grave problema de saúde pública, sobretudo em mães adolescentes e em países em desenvolvimento, no qual as taxas são três vezes maiores. Durante à gravidez e no pós-parto, a depressão se apresenta com cerca de 40 a 50% de sintomas moderados a graves. O estado de saúde mental das mulheres na gravidez afeta na saúde materna e nos resultados do parto. A falta de informação sobre a DPP contribui diretamente para a carência de conhecimentos na área. O tratamento ineficaz da depressão contribui e agrava os sintomas e o diagnóstico tardio em mulheres adolescentes. A gestação durante a adolescência está relacionada a maiores deficiências educacionais e distúrbios psiquiátricos, sobretudo transtornos relacionados ao uso de substâncias, ansiedade generalizada, depressão, transtorno bipolar, entre outros. Uma pesquisa transversal apresentou uma maior prevalência de DPP em mulheres adolescentes quando comparado com mulheres na fase adulta, variando cerca de 25 a 60%, salientando que diversos fatores de risco estão associados, como status socioeconômico mais baixo, histórico de diagnóstico prévio de depressão, menor escolaridade, abuso de drogas, estado civil solteiro, histórico de trauma e apoio social limitado. Os transtornos mentais apresentam uma relação desfavorável quando comparado o vínculo da mãe com a criança e seu desenvolvimento cognitivo e psicossocial. As principais medidas preventivas da DPP são o apoio contínuo de familiares e amigos, redes de aconselhamento e tratamento eficaz dos transtornos psiquiátricos. Conclusão: Os estudos sobre DPP entre mães adolescentes ainda são escassos e não englobam todos os pontos da problemática. Inicialmente deve-se prevenir a gravidez na adolescência; em paralelo, todas as mulheres jovens durante a gravidez devem ser rastreadas para transtornos psiquiátricos. O rastreio deve ocorrer por meio de busca ativa de fatores de risco para DPP; jovens classificadas como tendo moderado a alto risco devem ser acompanhadas rotineiramente, a fim de garantir a prevenção e intervenção precoce da DPP.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura
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