Objetivo: revisar a literatura disponível sobre os benefícios da musicoterapia no tratamento do TEA na infância.
Métodos: trata-se de revisão de literatura utilizando o banco de dados PUBMED em outubro de 2023. Foram utilizados como palavras-chave os descritores “Music Therapy” AND “Autism Spectrum Disorder”AND “Neurodevelopment Disorders”. Foram selecionados 7 artigos, disponíveis online em texto completo, de língua inglesa, publicados entre 2014 e 2023. Após leitura, 2 trabalhos foram descartados e 5 foram selecionados para aprofundamento. Foram critérios de inclusão estudos que abordassem os benefícios da musicoterapia no tratamento multidisciplinar do TEA. Foram critérios de exclusão artigos editoriais, relatos de casos, resumos de eventos e estudos conduzidos em animais.
Resultados: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que demanda terapêutica de abordagem multiprofissional. Nesse contexto, a musicoterapia tem emergido como uma nova perspectiva de tratamento e trazido diversos benefícios para os pacientes que a utilizam, segundo os estudos analisados. Uma das principais vantagens exibidas foi o grande estímulo ao desenvolvimento da comunicação verbal e não-verbal nas crianças com TEA, visto que a letra e a melodia das músicas se mostraram capazes depotencializar a conectividade neurológica da região frontal e temporal do cérebro, tornando muitos pacientes capazes de cantar e reconhecer ritmos complexos. Além de potencializar a fala das crianças a partir do canto, a musicoterapia tem sido capaz de sensibilizá-las a compartilharem mais seus sentimentos e criarem maiores vínculos sociais, principalmente na relação com seus pais, demonstrando avanços no que diz respeito às habilidades socioemocionais. Tal desenvolvimento de habilidades interativas é de grande valiapara indivíduos com transtorno do espectro autista, pois muitos deles apresentam dificuldade em interagir socialmente por não terem interesse em socializar ou não saberem como agir nesses contextos, o que faz crianças com TEA serem caracterizadas como quietas e reservadas, além de possuírem poucos amigos. O tratamento musicalizado também melhora a capacidade de adaptação desses indivíduos às mudanças no ambiente, ou seja, pacientes com TEA que normalmente não conseguem tolerar ruídos, como o som do ar-condicionado em ambientes fechados, passam a ser mais permissíveis a tais estímulos. Essa maior tolerância é decorrente do desenvolvimento neurológico das áreas subcorticais promovido pela música, o qual permite que esses indivíduos categorizem de forma mais efetiva quais estímulos sonoros emitidos pelo ambiente são mais dignos de atenção, concedendo a devida prioridade a cada percepção externa. Também é válido destacar que o tratamento musical tem apresentado benefícios para aprimoramento das funções cognitivas, como a memória, que não costuma ser tão desenvolvida em pessoas com TEA. Nenhum estudo apresentou efeitos adversos da musicalização do tratamento.
Conclusão: A musicoterapia tem se destacado na promoção de benefícios para o desenvolvimento neurológico e comportamental de criançascom transtorno do espectro autista. Nesse sentido, o uso da música na abordagem multidisciplinar no tratamento de pacientes com TEA é fundamental para o maior estímulo verbal, não verbal, socioemocional e cognitivo.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura