Introdução: No Brasil, a epidemia de HIV se concentrada em algumas populações-chave, que respondem pela maioria dos casos novos da infecção pelo HIV, como homens que fazem sexo com homens, pessoas transgênero e trabalhadores do sexo. Desta forma, além das medidas comportamentais e físicas de prevenção, está em vigência no território nacional o uso de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para toda a população de risco no Sistema Único de Saúde. A PrEP é composta pelo fumarato de tenofovir desoproxila e emtricitabina e possui eficácia comprovada em diversos ensaios clínicos controlados. Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV na primeira consulta para se iniciar o uso da PrEP, após o teste para o HIV negativo, a dispensação da PrEP só pode ser feita para 30 dias e, nas consultas subsequentes, a dispensação pode ser feita para 120 dias, conforme exames sem alterações. Além de fornecer segurança contra infecção por HIV, o uso da PrEP garante um segmento ambulatorial regular, com maior frequência de testagem para infecções sexualmente transmissíveis, que é fator importante na prevenção combinada contra HIV, pois favorece triagem adequada e detecção precoce de infecções na população usuária de PrEP, bem como rápido acesso aos tratamentos. Objetivos: O objetivo deste estudo é relatar um caso no qual a PrEP foi iniciada em um paciente dentro da janela imunológica para o HIV em uma Clínica Escola de Fortaleza e ressaltar a importância da prescrição correta da PrEP.
Relatado de caso: Paciente 24 anos, sexo masculino, se apresenta em uma Clínica Escola de Fortaleza para iniciar o uso da medicação PrEP. No primeiro atendimento foram realizados os testes rápidos de HIV, HbsAg, Anti-HCV e teste rápido para sífilis, no qual todos deram negativos. Desta forma, foram dispensados 30 comprimidos, referente a um mês de tratamento. Ao retornar para nova dispensação da PrEP, em 30 dias, foram realizados novamente os mesmos testes rápidos, no qual o teste para HIV deu positivo. Após exames confirmatórios, foi detectada a infecção pelo vírus do HIV. Nessa situação, não pode ocorrer a continuidade do uso da PrEP e deve ser iniciado o tratamento com a terapia antirretroviral (TARV) para o HIV. Esse relato de caso tem como intuito ressaltar a importância da prescrição correta da PrEP, pois o primeiro retorno em 30 dias é fundamental para identificar pacientes que possam estar na janela imunológica para o vírus do HIV, possibilitando uma detecção precoce da doença. Além disso, é comum ver muitos prescritores de PrEP realizar a primeira dispensação para 120 dias, perdendo esse primeiro acompanhamento com o paciente.
Conclusão: Dessa forma, conclui-se a importância da prescrição correta da PrEP e a necessidade da implementação de cursos preparatórios para prescritores para correta dispensação destes medicamentos.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura