Objetivos: Este estudo objetiva descrever o perfil epidemiológico da hanseníase em gestantes cujo notificação foi realizada no Estado do Ceará entre os anos de 2019 e 2023. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo do perfil epidemiológico dos casos notificados de hanseníase em gestantes, no Ceará, no período de 2019 a abril de 2023. Os dados foram obtidos através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), um site livre e aberto para coleta de informações sobre saúde pública e suas questões, no qual ocorreu a seleção de variáveis como período gestacional, número de lesões cutâneas, resultado da baciloscopia, grau de incapacidade, forma clínica e esquema terapêutico. Sendo assim, tabelas relacionando os diferentes fatores foram construídas e estudadas por meio de planilhas no Microsoft Office Excel. Resultados: O número total de notificações de gestantes com hanseníase foi de 20 casos, durante o período do estudo, sendo: 5 casos em 2019, 2 casos em 2020, 11 casos em 2021, 2 casos em 2022 e zero casos até abril de 2023. Quanto ao período gestacional no momento do diagnóstico, foi observado o total de 5 casos no 1º trimestre gestacional, 4 casos no 2º trimestre gestacional, 5 casos no 3º trimestre gestacional e 6 casos com idade gestacional ignorada durante o período analisado. Dentre os casos notificados, 4 gestantes apresentaram lesão única, 4 gestantes apresentaram entre 2 e 5 lesões e 10 gestantes apresentaram mais de 5 lesões. A baciloscopia foi positiva para 2 gestantes, o exame não foi realizado em 2 gestantes e a informação estava em branco ou foi ignorada para 16 casos notificados. Quando a classificação do grau de incapacidade ao diagnóstico, 11 gestantes apresentaram grau zero, 3 gestantes apresentaram grau 1, 4 gestantes não tiveram avaliação do grau de incapacidade e a informação estava em branco na notificação de 2 casos. A forma clínica identificada foi de indeterminada para 2 gestantes, forma tuberculóide para 2 gestantes, forma dimorfa para 8 gestantes, forma virchowiana para 4 gestantes e 4 gestantes não tiveram a forma clínica classificada. Quanto ao esquema terapêutico, 2 gestantes receberam a poliquimioterapia única para paucibacilar com 6 doses e 18 gestantes receberam a poliquimioterapia única para multibacilar com 12 doses. Conclusão: As alterações hormonais são fundamentais para regular as mudanças fisiológicas durante a gravidez e promover uma imunossupressão que garanta o desenvolvimento e sobrevivência do embrião. Desse modo, há uma maior vulnerabilidade para aquisição de infecções durante a gestação, bem como os agentes infecciosos latentes encontram oportunidade para desenvolver e manifestar sinais e sintomas da doença ou agravar um quadro clínico subjacente, fato identificado através de uma maior prevalência de casos multibacilares. Apesar dos exames para triagem e diagnóstico da hanseníase não compor o elenco mínimo de exames do pré-natal, o conhecimento epidemiológico, anamnese e exame físico devem ser norteadores para o médico conduzir um diagnóstico precoce, garantir um tratamento adequado e prevenir complicações da doença.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura