Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo com dados coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), referente aos casos de intoxicação exógena no Ceará entre 2020 e 2022. Resultados: De acordo com os dados encontrados, tendo como base o ano de manifestação do primeiro sintoma, foram registrados 11.818 casos entre esses anos, sendo 2022 o ano com mais casos registrados (4.869; 41,2%), o que significa um aumento de 1.558 casos (47%) em relação ao ano de 2020, que teve 3.311 casos registrados. Durante esses três anos, as mulheres estiveram à frente dos homens, registrando, no total dos anos, 7.382 (62%) casos, sendo as mulheres pardas, as mais acometidas pelas intoxicações, notificadas mais de 75% (5.606; 76%) de todos os casos de mulheres e 47,4% de todos os casos entre homens e mulheres. Em relação aos homens, o padrão se mantém e os pardos registraram mais casos entre esses anos, sendo responsáveis por 3.452 dos 4.436 casos totais (77,8%) e 29,2% de todos os casos no triênio estudado. Do total de intoxicações, os agentes mais causadores de registro de casos foram os medicamentos, responsáveis por 7.009 (59,3%) dos 11.818 casos, sendo as mulheres as mais acometidas. Já as drogas de abuso, responsáveis por 352 casos, apontam os homens como vítimas mais frequentes, sendo responsáveis por 269 (74,3%) dos casos totais causados por esse tipo de droga. Os critérios de confirmação foram: Clínico-laboratorial, Clínico-epidemiológico e Clínico, sendo este, o responsável pela maior parte das confirmações (50,06%). Do total de casos, a maioria (9.372; 79,3%) teve uma evolução para cura sem sequela, enquanto apenas 28 dos 11.818 casos (0,23%) evoluíram para óbito. Entretanto, 212 casos tiveram evolução para cura com sequela. Conclusão: Os dados coletados evidenciaram que intoxicações exógenas, embora não possuam alta letalidade em geral, merecem atenção, pois alguns dos pacientes com evolução para cura, apresentam sequelas, o que é um fator mitigante da saúde. Além disso, constata-se que as mulheres, de forma geral, são mais acometidas por intoxicações exógenas, enquanto a população masculina é mais suscetível a intoxicações em que os agentes são as drogas de abuso. Por isso, sugere-se estudos complementares posteriores para entender os motivos das características epidemiológicas apontadas pelo presente estudo.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura