Objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes internados no Sistema Único de Saúde (SUS) acometidos por colecistite e colelitíase no estado do Ceará nos últimos 5 anos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal e retrospectivo no qual foram escolhidas como variáveis de análise o sexo e a faixa etária dos pacientes. Foi realizada uma coleta de dados através dos registros do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), integrante do DATASUS, além da seleção de artigos na base de dados Pubmed com as palavras-chave “colecistite”; “colelitíase”. Resultados: Dentre as principais causas de internação no SUS no contexto da gastroenterologia, destacam-se duas enfermidades: a Colelitíase e a Colecistite. A colelitíase é uma condição hepatobiliar crônica relacionada com o desequilíbrio dos componentes formadores da bile e deposição de cristais de colesterol na vesícula biliar (VB). Atualmente, a colelitíase é uma das condições que possui maior indicação cirúrgica e está intimamente associada à colecistite. Ressalta-se ainda, a maior prevalência da colelitíase em determinadas populações, principalmente em mulheres, multíparas e em idade fértil. No quadro clínico, os sintomas são inespecíficos, podendo ser silencioso em grande parte dos casos. Quando sintomático, o paciente refere dor em quadrante superior direito (QSD), geralmente de caráter intermitente, com irradiação por vezes para a região interescapulovertebral. Em relação à colecistite, trata-se de uma emergência médica muito recorrente, sendo definida pelo acometimento inflamatório da VB. Com relação às causas, pode ter origem na impactação de cálculos no ducto cístico, na presença de Ascaris Lumbricoides, ou até mesmo de condições iatrogênicas, como é o caso da colecistite pós Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE). O quadro clínico da colecistite cursa costumeiramente com dor abdominal contínua em QSD, geralmente durando mais de 3 horas, o paciente pode manifestar febre associada de náuseas e vômitos, além de Sinal de Murphy positivo. Com relação aos fatores de risco, pode-se citar o histórico familiar, a idade, o sexo feminino, além de comorbidades como diabetes e sobrepeso. No Ceará, entre janeiro/2018 a março/2023, registrou-se 63.108 internações por colecistite e colelitíase no SUS. Dentre esses pacientes, 13.663 eram homens (22%) e 49.445 eram mulheres (78%). Em relação à faixa etária, a idade predominante entre os internados foi de 30 a 39 anos, com 13.743 casos (22%), seguido de 40 a 49 anos, com 12.484 casos (20%), e 50 a 59 anos, com 11.229 casos (18%). A faixa etária com menos registros de internação por colecistite e colelitíase foi a de menores de 1 ano, com apenas 30 casos (0,05%). Conclusão: Diante dos dados avaliados, nota-se que, nos últimos 5 anos, os pacientes que mais se internaram no SUS por colecistite e colelitiase foram do sexo feminino, na faixa etária de 30 a 39 anos, tendo, ainda, baixa prevalência em indivíduos menores que 1 ano de idade. Esse perfil epidemiológico se adequa ao padrão mundial. Importante esclarecer os gastos envolvidos na manutenção desses pacientes nos leitos do SUS, além dos medicamentos e exames necessários para alta do paciente.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura