Objetivo: Analisar a relação da mortalidade pela infecção por COVID-19 em pacientes submetidos ao transplante hepático. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura utilizando artigos indexados na base de dados PubMed, publicados entre 2020 e 2023, que correspondem à busca com as palavras-chave “covid” e “liver transplant”. Foram identificados 506 artigos, dos quais 12 foram utilizados, pois atendiam aos interesses da pesquisa. Discussão: A infecção por SARS-CoV-2 (COVID-19) iniciou na cidade de Wuhan, na China, em dezembro de 2019 e, em março de 2020, com propagação da epidemia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o estado de pandemia. O vírus pode causar piores prognósticos em pacientes idosos, imunossuprimidos ou portadores de comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, doenças pulmonares crônicas e doenças hepáticas crônicas. O transplante hepático é a medida terapêutica preferencial em pacientes com determinadas hepatopatias como insuficiência hepática, cirrose descompensada e carcinoma hepatocelular. Nesses pacientes, para prevenir a rejeição do novo órgão e diminuir a taxa de morbimortalidade, são utilizadas drogas imunossupressoras por tempo indeterminado, podendo predispor à infecção viral grave. Pacientes imunossuprimidos representam um grupo de alto risco para contaminação pelo SARS-Cov-2, já que são mais suscetíveis às infecções. A infecção por SARS-Cov-2 pode causar danos significativos ao tecido hepático, afetando cerca de 15 a 50% dos casos, chegando à incidência de 78% em afecções mais severas. Além disso, nesses indivíduos, observa-se uma elevada expressão dos receptores das enzimas conversoras de angiotensina tipo 2 nas células do tecido hepático, o que se associa a uma resposta inflamatória exacerbada devido à sua condição médica subjacente, causando aumento da mortalidade devido à infecção por Coronavírus. Assim, pacientes submetidos ao transplante hepático estão sujeitos à imunossupressão, o que os torna mais vulneráveis a infecções graves por COVID-19, bem como ao risco de agravamento da função do órgão, podendo evoluir para uma descompensação hepática. Entretanto, os benefícios do transplante são consideráveis, mas para que seja executado é necessária uma avaliação criteriosa. Conclusão: Os estudos analisados revelaram conexão significativa entre a maior vulnerabilidade à infecção por COVID-19 e os pacientes submetidos a transplantes hepáticos, devido à imunossupressão necessária para manutenção do órgão transplantado. Embora seja sugerido que há aumento no risco de complicações da infecção nestes pacientes, ainda é incerto quanto ao grau de mortalidade em comparação com a população geral, já que a literatura evidencia inúmeras perspectivas, sendo algumas com taxa de mortalidade semelhante, enquanto outras indicam taxas mais elevadas.
Presidente XXXIV OUTUBRO MÉDICO
Adner Nobre de Oliveira
Presidente da Associação Médica Cearense
José Aurillo Rocha
Diretor Financeiro
Marcos Aurélio Pessoa Barros
Comissão Científica e de Trabalhos Científicos
José Nazareno de Paula Sampaio
Maria Sidneuma Melo Ventura