Introdução:O Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes, originado na Holanda, propõe que ouvir vozes ditas irreais é considerado uma experiência humana, não podendo ser entendida somente como sintoma de transtornos mentais. Aceitar essas vozes e elaborar estratégias para conviver com elas costuma ser mais eficaz do que tentar eliminá-las, permitindo com que o ouvidor mantenha-se saudável e livre do sofrimento psíquico que a experiência costuma causar. Em atendimentos hospitalares é comum o paciente ser reconhecido apenas pelos sintomas apresentados, tendo sua subjetividade reduzida à doença. O foco na redução dos sintomas e as abordagens convencionais da medicina e psiquiatria ignoram o fato de que ouvir vozes pode ter um significado diferente para cada ouvidor.Objetivos:Relatar a experiência de um acompanhamento realizado na enfermaria de um hospital de referência em Recife/PE, através de uma escuta clínica alternativa à tradicional .Método:Este trabalho relata a experiência de uma estudante de psicologia de um atendimento beira leito em um hospital de referência em Recife/PE, utilizando a metodologia do Arco de Maguerez. Observou-se que a audição de vozes do paciente acompanhado não lhe provoca sofrimento clinicamente significativo, sendo um traço singular. Com base em estudos teóricos, a hipótese proposta visa promover a aceitação das vozes e a elaboração de estratégias para conviver com as mesmas, não sendo entendida apenas como sintoma de transtornos mentais. Aplicando à realidade, foram realizadas intervenções com base na Gestalt-terapia durante o período de internamento do paciente. Resultados:Perceber o sujeito de forma holística e analisar a forma de contato que ele exerce consigo e com o mundo é essencial para elaborar estratégias para conviver com a audição de vozes, bem como observar como o ouvidor vivencia e processa suas experiências, mais do que a busca dos motivos de determinado sintoma ou comportamento.Conclusão:É necessário não “tapar nossos ouvidos” diante dos ouvidores de vozes, desmistificando abordagens convencionais com foco no silenciamento ou interpretacionismo vertical dos sintomas. Afinal, as vozes vozes representam questões singulares do sujeito, interferindo de diferentes formas e possuindo significados diferentes para cada ouvidor. É fulcral não fecharmos nossos ouvidos com uma escuta reducionista.
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