PERCEPÇÕES DE UMA FAMILIAR ACERCA DAS PRÁTICAS DE CUIDADO E A EXPERIÊNCIA DE CONVÍVIO COM OUVIDORES DE VOZES

  • Autor
  • Bruna Pereira dos Santos Guterres
  • Co-autores
  • Halanderson Raymisson da Silva Pereira , Tácia Regina Dantas Buganem , Thiago Vargas Feiten Costa
  • Resumo
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    Neste trabalho, apresenta-se os resultados de uma pesquisa psicanalítica derivada de um Grupo de Ouvidores de Vozes constituído em um CAPS II na cidade de Porto Velho-RO. A partir da constituição do grupo, o qual possibilitou para os pacientes da instituição que convivem com a experiência de ouvir vozes a existência de um local no qual pudessem falar livremente de suas subjetividades, sendo possível também estender essa atenção e escuta para outros sujeitos que estão às voltas com as vozes escutadas por esses pacientes, como seus familiares. Dessa forma, o presente trabalho possui como objetivo principal analisar os discursos de familiares sobre as práticas de cuidado e a experiência de convívio com pacientes que experienciam o ouvir vozes. Para tanto, a pesquisa se deu em três etapas: 1) registro em diário clínico de como os pacientes do grupo relacionavam os familiares à experiência de ouvir vozes, 2) entrevista com os profissionais de referência dos participantes do grupo, acerca da presença dos familiares na instituição e 3) entrevista individual com uma familiar de um dos participantes do grupo. Os materiais produzidos nas três etapas foram analisados através das contribuições teóricas da psicanálise. Na primeira etapa, foi possível perceber nos participantes do grupo uma preocupação a respeito da causa de seus sintomas, sendo o fator hereditário levantado como uma hipótese. Além disso, a família surge com forte ambivalência, ora sendo fonte de apoio e segurança, ora de incômodo e preconceito. Na segunda, ficou evidente que o serviço possui o desejo de incluir a família no cuidado de seus usuários, além de almejar oferecer um cuidado para os próprios familiares. Entretanto, essa vontade ainda encontra percalços na prática do CAPS, que acaba investindo em um atendimento médico e não integrado com a comunidade. Na terceira, a familiar entrevistada falou sobre suas estratégias para conviver com quem ouve vozes. Companheira de um dos participantes do grupo, a entrevistada se coloca enquanto responsável por ajudá-lo em seu cuidado, auxiliando-o com suas medicações e incentivando-o a ir ao CAPS e a fazer o que gosta, como passar o que escuta e vê para as telas que pinta. Por fim, essas percepções apontam para a necessidade da aproximação e manutenção do vínculo familiar com o paciente e a instituição de cuidado, contribuindo assim para que se coloque em prática o cuidado preconizado pela Reforma Psiquiátrica e pelo Movimento de Ouvidores de Vozes.

     

  • Palavras-chave
  • Saúde mental, vozes, família.
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