Este trabalho tem por objetivo explorar os itinerários terapêuticos de ouvidores de vozes atendidos em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) na cidade de Porto Velho, Rondônia, destacando os percursos de cuidado e tratamento em saúde mental no contexto da atenção psicossocial brasileira. Através de uma abordagem qualitativa fundamentada na psicanálise, foram construídos três itinerários terapêuticos com base em entrevistas e observações. O estudo analisa o surgimento dos primeiros sintomas e os esforços iniciais em busca de cuidado, os encaminhamentos para a rede de atendimento e o percurso nos equipamentos de saúde, e as práticas de cuidado criadas pelos sujeitos. Os resultados evidenciam a complexidade e a singularidade das trajetórias de cada participante, revelando tensões que envolvem fatores como o estigma do diagnóstico psiquiátrico, a resistência ao tratamento e a percepção de hierarquização no cuidado. Desafios institucionais, como a escassez de recursos humanos e materiais, limitam o acesso a um atendimento contínuo e impactam a qualidade da assistência oferecida no CAPS, refletindo dificuldades no acolhimento. Além disso, as práticas de cuidado criadas pelos próprios sujeitos, sobretudo a produção artística, se apresentam como recursos terapêuticos significativos, funcionando como meios de ressignificação de suas experiências. Por fim, a pesquisa reforça a relevância de abordagens terapêuticas que valorizem a subjetividade e a autonomia dos pacientes no âmbito da Reforma Psiquiátrica.
Comissão Organizadora
CENAT
Mariana Sade
Thalia de Oliveira Lima Neivert
Alef
Lanna - CENAT
Comissão Científica