Esta comunicação possui como objetivo apresentar elementos de debates realizados em torno da busca por definições dos termos “doença” e “saúde” – bem como seus desdobramentos e limites – em um grupo de ouvidores de vozes. Os encontros do grupo de ouvidores de vozes ocorreram no ano de 2024 em um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS). A frequência de realização dos encontros foi, com algumas exceções, quinzenal. O grupo contou com cerca de 13 participantes, com alterações na composição do grupo. A maior parte dos integrantes consistia em usuários inseridos em tratamento neste serviço público de saúde mental. Durante o percurso dos encontros, as demandas iniciais mais frequentes foram identificadas como relativas à intenção de que as vozes desaparecessem. Posteriormente, percebeu-se um aumento da incidência do termo “cura” nas discussões, que se reverteu na questão “cura para o que?”. Inicialmente, o fenômeno de ouvir vozes foi compreendido como uma doença de forma unanime entre os integrantes. Com a busca por definições para o termo “doença” – e seu aparente conceito antagônico, a “saúde” – discursões em torno das definições de “loucura” e “patologia” emergiram. A partir do movimento de se tentar definir estes conceitos, o debate se expandiu, e levou a constatações de que os termos corriqueiramente utilizados parecem não possuir definições claras ou concordantes. A partir de revisões de respostas apresentas pelos integrantes, o grupo passa a se contestar sobre o que os conceitos de “doença” e “saúde” significam, e se o fenômeno de escutar vozes seria patológico ou não.
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CENAT
Mariana Sade
Thalia de Oliveira Lima Neivert
Alef
Lanna - CENAT
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