O processo de Medicalização e Patologização da Vida tem sua origem na busca do ser humano por alívio imediato de dores e sintomas que, muitas vezes, tem sua base em aspectos para além de questões orgânicas e da utilização excessiva de fármacos. Assim, este trabalho nasceu das inquietações e questionamentos acerca dos desafios emergentes ao processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil, com destaque para o fenômeno da medicalização da existência como expressão das lógicas manicomial, biomédica e biopolítica. Logo, essa pesquisa assume um posicionamento teórico e epistemológico que visa evidenciar caminhos alternativos no cuidado à saúde mental voltados à despatologização da vida e da superação das fragmentações dos processos humanos diante de seu desenvolvimento subjetivo e inter-relacional com o meio. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico em bancos de dados conceituados - como Google Acadêmico e SciELO - sendo selecionadas teses publicadas nos últimos doze anos por autores/pesquisadores da temática de diversas áreas do conhecimento. Nesse contexto, as discussões pertinentes ao assunto fomentaram perguntas como: a sociedade estaria ficando mais doente ou mais saudável, já que se gasta muito mais com saúde? Assegurar o estado ideal de saúde seria o mesmo que tentar garantir a felicidade? Por que tal medicamento ou procedimento clínico, antes recomendados, passam a produzir resultados iatrogênicos? Nesse sentido, a medicalização e a patologização, inscritas no paradigma positivista, por meio de diagnósticos-rótulos e laudos, têm sido instrumentos de violência e de estigmatização ao produzirem marcas recorrentes e significativas aos modos de produção de subjetividades. Um exemplo disso é que, a angústia se transforma em transtorno de ansiedade, e a finitude em transtorno com "essa" ou "aquela" designação científica. Dessarte, subvertendo essa lógica, olhares que valorizam as narrativas individuais, propõem um modelo que vai além da mera categorização clínica, reconhecendo a complexidade das relações sócio culturais que atravessam a saúde mental. Portanto, a medicalização transforma questões não-médicas, eminentemente de origem social e política, em questões médicas; por intermédio do reducionismo biológico puro dos conflitos sociais. Pois, é fundamental promover uma prática que respeite a subjetividade, desafiando paradigmas rígidos e favorecendo espaços de acolhimento em direção de uma prática humanizada.
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