RESUMO
O presente texto traz como objetivo principal, compreender os variados sentidos concebidos por ouvidores de vozes sobre suas experiências com esse fenômeno, buscando entender como a estigmatização social acerca desta temática pode intervir de forma negativa na saúde mental das pessoas que têm essa vivência. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com revisão de literatura em livros e artigos acadêmicos, cujos autores abordam os ouvidores de vozes e a estigmatização social. O fenômeno de ouvir vozes foi inserido dentro do contexto de doença por não estar em consonância com os padrões de “normalidade” criados e impostos pela sociedade. Com isso, tudo que foge a esse padrão é visto como negativo, impróprio e não pertencente à coletividade. Olhar que não se configura ao que de fato é, por muitas vezes empobrecendo o fenômeno ao empobrecer o sentido que estrutura o mesmo. Dentre a multiplicidade de sentidos construídos ao longo da história para esse fenômeno, o signo da loucura aparece como um estigma apontado para essa experiência. É preciso entender que, por detrás das vozes, existe um ser que busca por significados e por um fio de sentido para as experiências por ele vivenciadas no decorrer de sua existência. É a partir desta essência e de um olhar fenomenológico que se propõe ir ao encontro do real buscando percebê-lo enquanto fenômeno para explorar novos sentidos e significados para essas vozes, legitimando a história de quem dela partilha através da narrativa de suas experiências e da inclinação de quem faz e escuta. Reforça-se a importância dos grupos de ouvidores de vozes como norteadores na construção de novas possibilidades de sentidos e enfrentamentos com as vozes, apresentando ao outro através das perspectivas por ele mesmo trazidas, um lugar de reapropriação e legitimação de sua própria história, destacando-se que o sentido que o ouvidor atribui às vozes é singular e subordinado aos fatores externos, como o lugar ao qual é exposto e levado a experimentar no seu meio histórico e social ao longo do tempo. Fica evidente a importância de validar as características e os significados das vozes, a fim de facilitar o percurso ao encontro do real e auxiliar as pessoas que compartilham dessa experiência a tecer novas possibilidades de sentidos e relações com suas vivências.
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