Ouvir vozes é uma experiência humana comum que, embora não esteja necessariamente associada a um transtorno mental, muitas vezes é acompanhada por estigma, patologização e exclusão social. Essa vivência pode ser compreendida de diversas formas: enquanto algumas pessoas encontram maneiras de conviver harmoniosamente com as vozes, outras enfrentam desafios significativos. O Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes, inspirado nos estudos do psiquiatra holandês Marius Romme, tem promovido uma mudança de paradigma sobre a experiência de ouvir vozes, abordando-a como uma expressão legítima das vivências individuais e não como um sintoma de doença mental. Em 2022, foi criado o Grupo de Ouvidores de Vozes no CAPS III Leste de Natal-RN, pioneiro na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município. O grupo oferece um espaço de acolhimento, onde usuários podem compartilhar suas experiências e construir estratégias de cuidado em conjunto. O principal objetivo do grupo é promover o bem-estar psicológico e respeitar a subjetividade de cada um, valorizando suas histórias e compreendendo as vozes como parte de suas experiências, sem associá-las automaticamente a um transtorno mental. Os encontros semanais permitem trocas significativas entre os participantes, familiares e amigos, promovendo o suporte mútuo. A prática, potencialmente inovadora na RAPS de Natal, também busca reduzir o estigma e encorajar o entendimento social sobre o ouvir vozes, abrindo espaço para uma maior inclusão. Este relato de experiência enfatiza o impacto do grupo como um dispositivo de cuidado transformador que atua na interseção entre saúde mental e direitos humanos, ampliando a compreensão desse fenômeno em Natal-RN e contribuindo para o avanço do cuidado em saúde mental no Brasil.
Comissão Organizadora
CENAT
Mariana Sade
Thalia de Oliveira Lima Neivert
Alef
Lanna - CENAT
Comissão Científica