Este estudo tem o objetivo geral de problematizar o processo de inferiorização dos povos negros e seu patrimônio cultural, diasporicamente, trazidos ao Brasil para serem escravizados, no período colonial, com vistas ao enaltecimento da cultura eurocentrada, em contraste à cultura, crenças e valores desses sujeitos sequetrados de lócus geohistórico. Para tanto, parte-se, de forma transdisciplinar, da Análise do Discurso de origem francesa (Pêcheux, 1988; Orlandi, 2007, 2023), do viés discursivo-desconstrutivo (Coracini, 2007, Derrida, 2001, 2005), da Arqueogenealogia Foucaultiana (1997, 2008, 2014) e da visada Decolonial (Mignolo, 2003, 2005; Castro-Gómes, 2005; Grosfóguel, 2008; Santos, 2007; Palermo, 2019), para pensar como uma prática discursiva hostipitaleira, estabelcida históricamente, pode (inter)ditar o outro, na contemporâneidade, de sentir-se seguro em praticar suas expressões sociais e culturais, vinculadas à crença. Como corpora, optou-se pela materialidade intradiscursiva, expressa artísticamente pela canção “Povo de Santo” e seu videoclipe, de autoria de Luciano Bom Cabelo e João Martins, a partir da qual foram segmentados alguns recortes para análise. Resultados preliminares (d)enunciam o racismo praticado no campo da fé, da cultura e da ideologia, cujo resultado é o erigir de abissalidades entre os sujeitos, dentro do coletivo social, em face das assimetrias sociais, ao perpetuar inferiorização de saberes culturalmente diferentes, via colonialidade do poder e do saber.
Comissão Organizadora
Flávio Zancheta Faccioni
Paulo Henrique Pressotto
Comissão Científica