Se não existe palavra para nomear aquilo que se quer dizer, não é possível exprimir o pensamento desejado, nessa esteira também podemos entender que a palavra que for utilizada dará o tom da situação e indicará como a sociedade se organizará. São dois lados de uma mesma moeda muito utilizada, porém perigosa: a supressão de palavras do vocabulário, com o tempo excluindo e modificando conceitos reais do imaginário coletivo, ou a mudança da palavra a fim de amenizar uma realidade e/ou medidas tidas como necessárias, sendo essa suavização uma justificativa para adaptação conveniente. Na obra “1984”, de George Orwell, temos o que o autor chama de “Novafala”, onde termos que podem gerar atritos com a classe dominante são excluídos do vocabulário, também há a justaposição e simplificação de termos. Já na obra distópica “Saboroso Cadáver”, de Agustina Bazterrica, vemos uma outra estratégia, mas com ideia semelhante: a suavização – os pés humanos vendidos em açougues passam a ser chamados de “patinhas” e a carne de “carne especial”. As obras são distopias, ou seja, uma possibilidade de futuro ruim e indesejada, porém a palavra nos alerta para o poder do discurso, da referenciação como processo de categorização e recategorização que mantém e reproduz ideologias, ressignificando as “Verdades” para determinado grupo; nisso desponta a importância do trabalho que tem como objetivo analisar o poder da palavra e seu emprego com vistas a construir o imaginário cultural coletivo. Além das obras analisadas, o aporte teórico utilizado se dá através das obras de Mignolo (2008), Koch (1991, 1992, 2002, 2008), Bakhtin (1989) e Bauman (2008). A presente pesquisa encontra-se em fase inicial de desenvolvimento e, portanto, ainda não apresenta resultados, porém desde sua fase embrionária mostra-se altamente promissora para o que se propõe analisar, espera-se que, em breve, publique-se o artigo derivado da mesma.
Comissão Organizadora
Flávio Zancheta Faccioni
Paulo Henrique Pressotto
Comissão Científica