Este trabalho tem como objetivo desestabilizar os enunciados da canção “Trem do Pantanal”, composta por Paulo Simões e Geraldo Roca, na década de 1970, em consonância com entrevista de Paulo Simões concedida aos pesquisadores em junho de 2019. Para alcançar tal objetivo, parte-se da Arquegenealogia de Foucault (2017) para a escavação e desconstrução (DERRIDA, 2001; 2005 e CORACINI, 2015) dos enunciados, a fim de registrar os efeitos de sentidos que deles emergem. O suporte teórico, também, sustenta-se em outros autores da Análise do Discurso, como, por exemplo, Pêcheux (2002; 2015), Orlandi (2007) e do historiador Michel Foucault (2008; 1999), perpassando pelos estudos sobre a decolonialidade de Sousa Santos (2010; 2009), Quijano (2000) e Mignolo (2007). O corpus constitui-se, portanto, de recortes de enunciados da música “Trem do Pantanal” e trechos da entrevista com Paulo Simões. A partir dos conceitos de representação, discute-se, por meio das Formações discursivas, os interdiscursos, a memória e o arquivo. O gesto analítico/interpretativo remete à memória discursiva, advinda de um arquivo “militar”. Constata-se, assim, a presença de itens lexicais que constituem formações discursivas bélicas entremeadas por ideais de liberdade que, neste sentido, mobilizam os jovens e, naquela década, motivaram a busca pela liberdade de expressão, distanciamento das regras sociais e fugas das guerras. Por fim, ressalta-se que a questão que norteia o gesto interpretativo é: como e por que a letra da música representa um período histórico-social e a subjetividade do sujeito-compositor?
Comissão Organizadora
Flávio Zancheta Faccioni
Paulo Henrique Pressotto
Comissão Científica