Introdução: No decorrer da história muitas mudanças aconteceram nas concepções voltadas às perdas e a morte. Nesse sentido, a morte, que era vista como um fenômeno comum à vida social e presente o dia a dia das famílias ao longo dos séculos XII a XVIII, ganha contornos de estranheza e interdição a partir da segunda metade século XIX/início do século XX, em virtude das inúmeras mudanças sociais, dentre as quais, a influência da Igreja Católica, os avanços científicos e do capital. Assim, as diversas instituições sociais sofrem atravessamentos relacionados às concepções que os indivíduos tem acerca da morte. Com base nisso, o presente trabalho se propôs a investigar quais concepções e práticas que os professores de ensino médio da cidade de Parnaíba-PI têm sobre o tema morte na rotina escolar. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo exploratória. 56 professores das redes estadual, privada e federal de ensino da cidade de Parnaíba-PI participaram do estudo, após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos/UFPI e assinatura do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Os dados foram coletados por meio de um questionário com questões de cunho sociodemográfico e com duas questões sobre qual a percepção do professor sobre a morte, com ela atravessa o ambiente escolar e de que maneira lidam com situações de morte que atravessam a rotina escolar. Os dados foram analisados com o auxílio dos softwares Iramuteq e SPSS. Resultados: Quanto aos aspectos sociodemográficos, a amostra pode ser caracterizada como professores com idade média de 37 anos (DP= 9,1), que trabalham em mais de uma instituição de ensino (58,9%) e atuam nas áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas e sociais. Os principais resultados das perguntas de pesquisa foram divididos em seis classes de palavras e apontaram para o processo de interdição da morte presente na escola, ou seja, mesmo sendo um fenômeno presente no contexto escolar, levando em consideração que faz parte da vivência humana, a escola, de acordo com os professores, não se propõe a abrir espaços de discussão e diálogo sobre o tema. Além disso, os professores também pontuaram o fato da morte ainda ser um tabu social, mesmo que seja um processo inerente à vida. Como práticas efetivas realizadas pelos professores, estes apontaram o apoio e suporte dispensado aos alunos, sobretudo, quando estes passam por momentos de perda e luto. Considerações: Nesse sentido, percebe-se a necessidade de maior contato com o tema no ambiente escolar, haja vista que os professores relataram ações mais pontuais e singularizadas, sem que haja algo comum ao ambiente escolar. Sabe-se ainda que o investimento em atividades que estimulem a expressão de sentimentos e questionamentos a respeito do tema estudando são ferramentas potentes para o trabalho de elaboração satisfatória e vivência saudável dos lutos diários, e como consequência, de valorização da vida. Ademais, sugere-se a realização de mais estudos que abordem a presente temática, em diferentes realidades e participantes, levando em conta os aspectos singulares de lidar com a morte a depender de como, onde e com quem se pesquisa. Além disso, pontua-se a necessidade sempre urgente de investimento efetivo e políticas educacionais que considerem o processo de ensino-aprendizagem como algo holístico e interrelacional.