Maternidade, Trabalho Remunerado e Graduação: impactos psicossociais e educacionais no cotidiano de mulheres

  • Autor
  • Mauricia Paz Aguiar
  • Co-autores
  • Maria Áurea Pereira Silva
  • Resumo
  •  

     

    Este estudo teve por objetivo analisar a concepção de mulheres sobre as suas triplas jornadas – maternidade, trabalho remunerado e graduação – e os impactos psicossociais e educacionais em seus cotidianos. A trajetória da mulher em nossa sociedade tem sido marcada pela desigualdade de gênero. As múltiplas jornadas que ela desempenha, comparadas às do homem, lhe deixam em desvantagem, pois atividades como a maternidade e majoritariamente as tarefas domésticas são realizadas pelas mulheres, sendo despendida maior carga horária na sua rotina diária, principalmente quando concilia essas atividades com o trabalho remunerado e a graduação. O discurso social em relação à maternidade atribui à mulher idealizações morais e sociais, lhe impondo, muitas vezes, modelos complexos a serem seguidos, implicando em dificuldades no atendimento das demandas impostas. A inserção da mulher no mercado de trabalho perpassa pela divisão sexual do trabalho, o que historicamente gera injustiças, como a menor remuneração em relação ao homem. Atualmente, o acesso da mulher na Educação Superior é maior em relação ao homem, contudo, ainda há empecilhos instituídos socialmente. O interesse desse estudo se deu a partir da vivência da pesquisadora enquanto mãe, trabalhadora (do setor privado) e universitária – o que ocasionou, à época, inquietações, déficits e reflexões que culminaram no desligamento do trabalho remunerado e na continuação das outras duas jornadas. Esta pesquisa foi predominantemente qualitativa, alicerçada no método dialético. As participantes: quatro discentes do curso de Psicologia de uma universidade pública, maiores de idade, mães, e exerciam trabalho remunerado (com ou sem vínculo empregatício). Os instrumentos utilizados: um Roteiro de entrevista e um Questionário Sociolaboral; e os materiais usados: canetas esferográficas, prancheta, gravador, notebook e papel ofício. Os documentos norteadores do estudo foram: 1) O Código de Ética Profissional do Psicólogo; 2) A Resolução N° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS); 3) Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); e o 4) O Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) Nº 94194418.2.0000.5087 emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFMA). Como principais resultados apontados: a) As dificuldades acadêmicas, como exemplo, o cumprimento de atividades designadas e outras complementares à formação; b) A falta de tempo, especialmente para si própria, para as atividades acadêmicas e para o trabalho remunerado; e os c) Sentimentos contínuos, produtores de doenças mentais, como cansaço, angústia, estresse e preocupações. Como principais conclusões, apresentam-se: a) A necessidade de discussões constantes, no Ensino Superior e em outros espaços educacionais que tragam reflexões e análises – especialmente na Psicologia – sobre a tripla jornada de mulheres. Essa ação pode promover transformações que assegurem o bem-estar mental e físico; b) O desenvolvimento de estratagemas na Psicologia Escolar e Educacional que possibilitem, no ensino e na aprendizagem, o enfrentamento de situações injustas, como a questão de gênero. Esse tipo de intervenção pode proporcionar à mulher a conquista de autonomia, a disseminação de práticas que lhe assegurem direitos como exemplo, a igualdade nas relações com os homens; e c) A maternidade, o trabalho remunerado e a graduação não constituem escolhas que anulam umas às outras – defende-se o direito  dessa tríade sem a sobrecarga. Entretanto, sem mudanças concretas na sociedade, dificilmente haverá transformações dessa situação adversa.

  • Palavras-chave
  • Maternidade, Trabalho Remunerado, Graduação, Tripla Jornada, Psicologia Escolar e Educacional.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Práticas e Pesquisas em Psicologia Escolar na Educação Superior
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