Introdução: As interações que a criança estabelece com o meio natural trazem importantes benefícios para a sua aprendizagem e desenvolvimento, ambientes em que a natureza esteja presente, como parques, praças, espaços abertos propícios para o brincar, escolas com pátios e áreas verdes, contribuem na promoção da saúde física e mental e no desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, motoras e emocionais. Nessa perspectiva, este estudo visa investigar as percepções dos pais acerca do aprendizado dos filhos em meio à convivência com a natureza. Justifica-se a relevância social e acadêmica deste estudo no que tange às possibilidades de ampliar as discussões e os olhares acerca de novas práticas educativas, incluindo a natureza como ferramenta potente de ensino e aprendizado. Método: Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, quanto aos objetivos, enquadra-se como exploratória. A pesquisa foi desenvolvida em um espaço de aprendizagem, localizado em Barra Grande, povoado do município de Cajueiro da Praia, na região litorânea piauiense. Foram entrevistadas cinco famílias sendo que, no momento da coleta, os pais de cada criança foram entrevistados juntamente. Vale ressaltar que maior parte das famílias eram compostas por pais de origens estrangeiras, como argentina, venezuelana, colombiana e belga. As crianças dessas famílias tinham idades entre 2 e 4 anos, quatro do sexo feminino e uma do sexo masculino. Foi utilizado um questionário sociodemográfico, visando caracterizar aspectos relacionados à criança, como idade, sexo, quantidade de pessoas com quem reside. Além disso, foi realizada uma entrevista semiestruturada com os pais, contendo a seguinte pergunta geradora: “Em meio à convivência com a natureza como percebe a aprendizagem do/da seu/sua filho/filha?”. O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e obteve parecer favorável. A análise dos dados foi realizada pelo software Iramuteq, por meio da Classificação Hierárquica Descendente – CHD, que organiza os discursos e os categorizam por meio de classes de palavras utilizadas com mais frequência. Resultados: Os resultados apontaram um dendograma contendo cinco classes que foram nomeadas, respectivamente conforme a representatividade do corpus, Formação integral do ser humano (21,6%); Curiosidade científica (20%); Aprendizado sequencial (16,7%); Amplia a socialização (15%); Maior consciência e autonomia (13,3%) e Abertura de sentido e senso crítico (13,3%). As respostas dadas pelos pais indicam que o contato com a natureza reflete na relação que a criança estabelece com o mundo à sua volta, possibilitando a construção do aprendizado, estimulando o ser integral, despertando a curiosidade para conhecer o que até então é desconhecido, ampliando as habilidades sociais, favorecendo uma maior consciência sobre a natureza e a relação que nós possuímos com ela, promovendo a autonomia e fomentando o senso crítico. Conclusão: Assim, constatou-se que a natureza é um campo educacional com uma gama de possibilidades de interações que promovem aprendizado, bem como desperta a sensibilidade e a consciência ambiental da criança. Para mais, ressalta-se que o contexto pesquisado apresenta singularidades de cunho social e cultural, de modo que os resultados não são passíveis de generalização. Portanto, destaca-se a necessidade de outros estudos acerca desta temática, nesse sentido, podem ser realizados estudos longitudinais, que acompanhem o processo formativo das crianças em contato direto com a natureza; estudos comparativos em contextos diferentes; ou etnografias das práticas cotidianas nesses ambientes.